Em 2023, atividade cresceu principalmente por causa do agronegócio

Conversei com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, sobre os cenários para o PIB brasileiro em um ano que foi muito diferente para a economia: começou com previsões muito pessimistas, por parte do mercado, e foi melhorando ao longo do tempo.

Enquanto economistas ligados ao mercado acreditavam que o PIB subiria entre 0,7% e 0,8%, Mello começou o ano vendo uma alta de 2,1%. Agora, as projeções do mercado subiram para 2,8% a 2,9%, enquanto o secretário reviu sua projeção para 3,2%.

Mello me disse que acredita que o terceiro trimestre, que já terminou mas cujos dados de atividade ainda não saíram completamente, será o pior período de 2023, e deve ficar quase no zero a zero.

Mas a expectativa é que o quarto trimestre seja melhor, por causa das festas de fim de ano e das férias, que estimulam o consumo. A análise dele é que no período entre julho e setembro o impacto positivo do agronegócio, que vinha impulsionando os serviços, se esvaiu.

E foram exatamente os serviços que decepcionaram, com um desempenho mais fraco.

Em 2024, o secretário acredita em um crescimento de 2,3%, mas ele frisa que a expansão da atividade será diferente: menos dependente do agronegócio e mais bem distribuído entre os setores.

O que vai impulsionar essa alta é o crédito, na visão dele, que vai ser beneficiado pela redução nas taxas de juros. O sucesso do Desenrola, que é o programa de renegociação de dívida do governo, também deve estimular os financiamentos, já que quem limpou o nome terá mais capacidade de tomar crédito, a um custo menor por causa da queda da Selic. Já o agronegócio crescerá menos.


Fonte: O GLOBO