Lionel Guedj, 43, e seu pai, Jean-Claude, 71, realizaram operações em bairros populares de Marselha; patrimônio acumulado chegou a R$ 69 milhões

Dois dentistas acusados de mutilar cerca de 400 pacientes em Marselha, na França, foram condenados a oito e cinco anos de prisão nesta sexta-feira. A sentença foi imposta a Lionel Guedj, de 43 anos, que fez as operações em moradores de bairros populares da cidade, e a Jean-Claude Guedj, de 71 anos, pai do agora ex-dentista, que prestou assistência.

Os magistrados da corte de apelação de Aix-en-Provence foram menos severos do que o procurador. Em suas alegações finais realizadas em junho, Patrice Ollivier-Maurel havia pedido uma pena de dez anos para Lionel, o máximo possível para esses fatos. Estabelecido em uma das áreas mais pobres da cidade entre 2006 e 2012, o consultório dele era, segundo os juízes, “uma máquina de dinheiro”.

Dentista mais bem pago da França

Preso desde 8 de setembro de 2022, Lionel foi acusado de desvitalizar cerca de 3,9 mil dentes saudáveis de centenas de pacientes para então instalar pontes dentárias muito lucrativas, sem outra motivação além de aumentar sua receita. Em cinco anos, ele se tornou o dentista mais bem pago da França: dirigia uma Ferrari, recebia entre 65 mil e 80 mil euros por mês (R$ 348 mil e R$ 428 mil) e acumulou um patrimônio de 13 milhões de euros (R$ 69 milhões).

— O ser humano foi relegado a um simples instrumento a serviço de sua fraude — acusou o procurador, qualificando o réu como um “orador de feira”, cuja eloquência e charme conquistaram a confiança de muitos pacientes da região.

Veículos, barco e obras de arte

Já Jean-Claude, um cirurgião-dentista no final de sua carreira, foi acusado de ter apoiado a fraude do filho, prestando assistência, especialmente no “atendimento pós-venda aos pacientes que sofriam”. Apresentado pelo procurador como “a raposa velha a serviço do jovem lobo”, ele havia sido solto em março após cinco meses de prisão preventiva. Agora, um mandado de prisão foi emitido contra ele.

Quanto ao aspecto financeiro, a corte de apelação confirmou as apreensões já ordenadas pelo tribunal correcional de Marselha, que envolviam propriedades, veículos, um barco, contas bancárias e obras de arte no valor de 2,2 milhões de euros (R$ 11,7 milhões).


Fonte: O GLOBO