Suspeita é de atentado terrorista; vítima foi hospitalizada e sua situação é estável

Um diplomata da embaixada de Israel em Pequim foi esfaqueado nesta sexta-feira quando caminhava num dos distritos centrais da capital chinesa. A notícia foi primeiramente divulgada pelo portal israelense Ynet e depois confirmada pelo Ministério do Exterior de Israel, segundo o qual a vítima do ataque foi hospitalizada “em condição estável”. A suspeita é de atentado terrorista, mas ainda não há confirmação do que motivou o agressor.

As autoridades chinesas ainda não se pronunciaram sobre o caso, que também não apareceu na mídia estatal. Na quinta-feira, um contingente policial reforçado estava posicionado nas cercanias da embaixada de Israel em Pequim durante um evento organizado em solidariedade às vítimas dos ataques terroristas cometidos pelo Hamas na semana passada, que deixaram mais de mil civis mortos. Um grande número de missões diplomáticas estrangeiras enviou representantes ao evento, incluindo a do Brasil.

Após os ataques, as redes sociais chinesas foram inundadas de manifestações de apoio ao Hamas, muitas de teor antissemita. Num raro protesto contra Pequim, a embaixada de Israel na capital criticou a reação econômica do governo chinês aos ataques, que não condenou o Hamas e se limitou a pedir contenção dos dois lados. Yuval Waks, número dois da embaixada, disse que esperava uma condenação mais forte por parte de Pequim.

— Quando pessoas estão sendo massacradas nas ruas, não é o momento de apelar para a solução de dois Estados — disse Waks.

Por ter ocorrido num momento de tensão em Gaza, a agressão desta sexta ao diplomata israelense em Pequim imediatamente levantou a suspeita na comunidade judaica da capital chinesa de que se trata de um atentado terrorista, além de temor de que outros possam ocorrer. Incidentes como esse são raros na China, que em geral é muito segura e altamente controlada pelos serviços de segurança estatais. 

Mas não são inexistentes. No mês passado, um funcionário da embaixada da Áustria em Pequim também foi ferido a facadas no centro da cidade por um cidadão chinês. A polícia prendeu o agressor e afirmou que ele sofre de problemas mentais.

No caso de Israel, a proximidade do país com os EUA alimenta hostilidades no país. A China comunista tem laços históricos com o movimento palestino. O governo chinês reconheceu a Organização para Libertação da Palestina (OLP) em 1964 e foi um dos primeiros do mundo a dar reconhecimento oficial ao Estado palestino, em 1988. As relações diplomáticas com Israel só foram estabelecidas em 1992.

Nos últimos anos, a liderança chinesa tem demonstrado desejo em assumir um papel mais ativo para o estabelecimento de um Estado palestino. Em 2022, durante uma visita à Arábia Saudita, o presidente Xi Jinping lamentou a “injustiça histórica” sofrida pelos palestinos.

Em entrevista coletiva do Ministério das Relações Exteriores chinês após os ataques do Hamas, a porta-voz Mao Ning foi um pouco além da primeira resposta oficial, afirmando que o governo estava “profundamente entristecido com as baixas civis”. Questionada pelo GLOBO se Pequim classifica de terrorismo os ataques do Hamas, Mao tergiversou, repetindo respostas anteriores.

— A China manifestou sua posição sobre a atual escalada de tensões entre Palestina e Israel. Estamos profundamente preocupados com a escalada de violência e entristecidos com as baixas civis causadas pelo conflito. Nos opomos e condenamos atos que atingem civis. A prioridade agora é dar um fim às hostilidades, restaurar a paz o quanto antes e desescalar a situação.


Fonte: O GLOBO