Amorim destaca o respeito pela soberania da Argentina, ao processo democrático e ressalta as relações de Estado entre os dois países, mas afirma que isso não anula “preferências e simpatias”

Conselheiro do presidente Lula para assuntos internacionais, o ex-chanceler Celso Amorim diz que recebeu com “alívio” o resultado do primeiro turno das eleições na Argentina neste domingo. Ao GLOBO, o assessor-chefe da assessoria especial afirmou que a vantagem de Sergio Massa em relação a Javier Milei, apoiado pelo ex-mandatário Jair Bolsonaro, “renova as esperanças”.

— É um resultado de alívio, de esperança renovada [...] A luta não se encerrou, mas a esperança de uma Argentina afinada com os propósitos nossos também, brasileiros, e da integração sul-americana se afirmaram — disse Amorim ao GLOBO.

A eleição presidencial deste domingo foi considerada a mais importante desde que o país recuperou sua democracia, em 1983. Recheada de incertezas diante do ineditismo de um cenário com três candidatos competitivos, o primeiro turno da disputa terminou com a vantagem do peronista Sergio Massa, atual ministro da Economia, com 36,6%. O segundo lugar ficou com Javier Milei (30%), ultraliberal que poderia, de acordo com as pesquisas prévias, liquidar a disputa já no primeiro turno.

Amorim destaca o respeito pela soberania da Argentina, ao processo democrático e ressalta as relações de Estado entre os dois países, mas afirma que isso não anula “preferências e simpatias”.

— Temos relação de estado, mas isso não impede preferências e simpatias. Esperamos (a vitória de Massa), mas com uma dose de realismo, sem cantar vitória antes do tempo. E respeitando (soberania e processos democráticos), e continuaremos a respeitar, mas isso não impede de manifestarmos nossas simpatias.

O assessor-especial pontua ainda que os resultados eleitorais do país vizinho afetam diretamente o Brasil e que uma eventual vitória de Massa seria boa para os interesses da região e do Brasil, como a integridade do Mercosul.

— O predomínio da racionalidade é fundamental. No nosso caso, obviamente, a gente quer a integridade do Mercosul. É uma coisa que afeta o Brasil diretamente, não é uma coisa distante, que você está apenas se manifestando. Tem que esperar o segundo turno, não se pode antecipar tudo, mas eu acho intuitivamente, tem que ter uma campanha forte, continuar trabalhando, não é para descansar, mas tem uma excelente chance do Massa ganhar e isso ser bom para nós, para a região, para a integração.


Fonte: O GLOBO