Familiares de vítimas chegam para fazer o reconhecimento do corpo. Não há prazo para liberação dos corpos, que devem ser identificados por exames de DNA.

Começaram a chegar em Rio Branco os familiares de quatro das 12 vítimas que morreram na queda de uma aeronave na manhã desse domingo (29), próximo à pista do Aeroporto Internacional de Rio Branco. Em voo da empresa ART Taxi Aéreo, mesma responsável pelo avião do acidente, os familiares chegaram e foram recebidos por uma equipe da Secretaria de Saúde do estado (Sesacre). Bastante emocionados, eles não falaram com a imprensa.

A Polícia Técnica Científica do Acre ainda não tem uma previsão de prazo para começar a identificar e liberar os corpos. Por causa do estado de alguns corpos, a perícia tenta a identificação por meio de DNA e auto-reconhecimento. O diretor-geral do departamento de Polícia Técnica Científica, Mário Sandro Martins informou que já foram coletadas amostras dos restos mortais das vítimas.

Estefânia Pontes, coordenadora do Núcleo de Serviço Social do Complexo Regulador da Sesacre, disse que foram ao local para o primeiro acolhimento.


Familiares chegaram em Rio Branco nesta segunda-feira (30) — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre

"Reunimos a equipe de duas psicólogas, eu como assistente social, nós já estivemos ontem aqui e pegamos todas as informações acerca dos passageiros, uma situação muito trágica, muito difícil para os familiares e também pra todos os que estamos trabalhando, no sentido de dar esse suporte para as famílias.

E agora nós vamos estar recebendo 4 famílias pra fazer esse acolhimento, ver as necessidades não só sociais, mas também emocionais dessas famílias, porque é um momento de muita dor, um momento em que elas vão precisar fazer, talvez, o reconhecimento dos corpos ou o exame do DNA. E aí a Sesacre está colocando nós como profissionais para que a gente possa estar fazendo esse acompanhamento às famílias", disse.

Sergio Bents, diretor de segurança operacional da ART Táxi Aéreo, diz que desde o momento do acidente a empresa tem prestado apoio às famílias.

“Nós abrimos o nosso plano de assistência a familiares de vítimas, que é um plano já coordenado com a base principal e a base secundária, de formas que a gente, desde o primeiro momento, tem dado suporte, estamos trazendo todos para Rio Branco para fazer a coleta do DNA, estamos disponibilizando hotel, transporte e alimentação para todos, conforme nosso plano”, disse.

Na aeronave estavam seis homens, três mulheres e uma criança de 1 ano e 7 meses, além do piloto e do copiloto.


Local do acidente permanece fechado nesta segunda-feira (30) — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre

“A Polícia Civil, na sua área técnico-científica, está focando nesse trabalho, deixando outros trabalhos secundários, com a intenção de poder dar uma resposta o mais rápido possível para os familiares. Prazo, não temos como dar, mas o nosso trabalho é para que seja o mais breve possível.

Para identificação técnico-científica, nós estamos trabalhando com o auto-reconhecimento dessas vítimas, que é por meio de características antropológicas, com alguns dados particulares de cada vítima. Por mais que o estado delas esteja bem complicado, o IML consegue identificar se tinha uma prótese, uma placa de cirurgia, implantação de pino, ou outras coisas particulares, como cordão, relógio, que possa então a família dizer que eles usavam esses pertences”, afirmou o diretor.

Martins disse ainda que foi feito uma reunião nesse domingo com os familiares das vítimas e área técnica do IML, e iniciada entrevista individual com cada parente para obter informações que auxiliem na identificação. “Com esse reconhecimento, nós podemos liberar esses corpos quando for possível, mas todos vão ter que passar pelo exame de DNA, já foram coletadas amostras desses corpos.”


Veja quem são os passageiros que estavam em voo que caiu no Acre — Foto: Reprodução/Arte g1

Nenhum corpo foi identificado até a manhã desta segunda-feira (20). O diretor disse que alguns familiares das vítimas, que são de Eirunepé e Envira, no Amazonas, ainda estão chegando na capital acreana.

“Muitos não vão poder vir, devido às condições e estamos entrando em contato com eles para obter informações e também para obter as amostras biológicas deles para fazer o confronto de DNA, estamos entrando em contato com a área da saúde desses municípios para que eles possam então colher essas amostras e enviar para nós para que possamos fazer o processo de identificação.”

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou em nota que a investigação está em andamento, mas que não é possível definir prazos. Também não confirmou quando uma equipe deve chegar na capital acreana. O andamento da investigação ainda não está disponível no site.

"A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes. O Cenipa tem o objetivo de investigar as ocorrências aeronáuticas, de modo a prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. Quando concluída a investigação, o Relatório Final será publicado no site do Cenipa."

Em nota, a governo do Amazonas informou que está prestando apoio às famílias das vítimas do acidente aéreo que moravam no município de Envira, para a viagem a Rio Branco, para o processo de reconhecimento e liberação dos corpos.

“A Secretaria de Estado da Casa Militar também vai organizar a logística para o translado dos corpos das vítimas até o Amazonas, após liberação pelas autoridades acreanas. A ajuda está sendo realizada conforme tratativas entre a Prefeitura Municipal de Envira e o Governo do Estado. Já a Prefeitura Municipal de Eirunepé não solicitou apoio ao Governo do Amazonas e tem tratando diretamente com o Governo do Estado do Acre. O governo do Amazonas reforça que segue à disposição das prefeituras municipais dos dois municípios para auxiliá-las em tudo o que for necessário”, diz a nota.


Aeronave caiu em área de mata próximo ao aeroporto de Rio Branco — Foto: Corpo de Bombeiros do Acre

O governo do Acre informou que todas as 12 vítimas morreram carbonizadas. No entanto, conforme o diretor do departamento de Polícia Técnica Científica, ainda não é possível confirmar a causa da morte.

“No momento ninguém pode afirmar nada. Logo que vieram para o IML, houve um exame cadavérico de cada corpo e daí ele vai analisar e emitir um laudo e pode apontar a causa da morte. Dizer se morreu com o impacto ou depois dele, nesse momento, não podemos dizer isso. Vamos esperar esse exame cadavérico e vamos ter um direcionamento sobre isso”, afirmou.

O voo era particular, da empresa ART Taxi Aéreo, e decolou de Rio Branco com destino a Envira, no Amazonas (confira os detalhes abaixo). A aeronave modelo Caravan tinha capacidade para até 14 pessoas e caiu por volta das 7h21 no horário local (9h21 em Brasília), logo após a decolagem. Nesta segunda, o espaço da empresa no aeroporto de Rio Branco estava fechado e apenas uma mensagem com números de telefone foram colocadas na porta.

Parte dos passageiros estava viajando para receber tratamento médico. Um vídeo (acima) mostra o incêndio no local.

O advogado da empresa, Thiago Abreu, informou ao g1 que o piloto e o copiloto tinham experiência e treinamento. Segundo a Anac, o avião estava em situação regular.


Veja a origem e o destino da aeronave que caiu em Rio Branco (AC). — Foto: Ighor Costa/g1

Seis das vítimas eram de Eirunepé (AM). Havia, ainda, moradores de Envira (AM).

A aeronave era pilotada por Cláudio Atílio Mortari, que, de acordo com suas redes sociais, era natural de São Paulo, mas também morava em Itaituba. O copiloto que Kleiton Lima Almeida, de 39 anos, que também morreu na queda de avião, nasceu e morava em Itaituba, no sudoeste do Pará. Ele tinha se tornado pai há um mês.

Os bombeiros conseguiram controlar as chamas após cerca de quatro horas, e a retirada de corpos e destroços foi iniciada. A aeronave caiu em um local que dificultou a chegada das equipes de resgate.

Ambulâncias do Samu, viaturas da Polícia Militar e um helicóptero do Ciopaer se deslocaram até o local para auxiliar nas ações.

Investigação

O Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII), localizado em Manaus, vai apurar as causas da queda do avião.

De acordo com a Aeronáutica, na investigação "serão utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e confirmação de dados, a preservação de indícios, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias ao processo".

Fonte: G1