Com menos de 15 mil casos por ano no país, a condição é considerada rara e transmitida pela mesma bactéria que causa amidalite

Desde setembro, três crianças em Minas Gerais morreram de insuficiência respiratória aguda e choque séptico, ao menos uma delas pode ter sido causada pela escarlatina, doença infecciosa aguda causada pela bactéria estreptococo beta hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes), segundo consta na certidão de óbito da criança. Os outros dois falecimentos estão sendo investigados.

Considerada rara no país, com menos de 15 mil casos por ano, a doença é infecciosa e contagiosa que costuma ocorrer em crianças em idade escolar, durante a primavera. É transmitida pela mesma bactéria que causa amidalite, artrite, pneumonia, endocardite, impetigo e erisipela. 

A maioria das pessoas que tem uma infecção de garganta provocada pela bactéria não desenvolve escarlatina. Porém, cerca de 10% são sensíveis às toxinas liberadas por ela e podem desenvolver a doença, que provoca pequenas manchas vermelhas que se misturam na pele.

A transmissão ocorre pelo contato direto com a saliva ou a secreção nasal de pessoas doentes ou aquelas que têm a bactéria, mas não apresentam sinais da enfermidade. Esse contato pode ser tanto por gotículas expelidas na tosse ou espirro, como por beijo, objetos compartilhados, como copos ou mãos que tocaram partículas contaminadas e foram levadas ao nariz ou boca. Podendo durar o tempo de incubação até 10 dias.

Entre os principais sintomas estão: febre, mal-estar, falta de apetite, dor no corpo (barriga e cabeça, principalmente, náuseas, vômitos, início repentino com calafrios e dor de garganta intensa. A doença é característica também pelas manchas na pele de cor vermelho-escarlate, ásperas, que aparecem inicialmente no tronco, depois tomam a face, o pescoço, os membros, axilas e virilha, mas poupam as palmas das mãos, as plantas dos pés e ao redor da boca. Nas dobras de pele, como cotovelos, punhos, axilas e joelhos, as manchas podem ser mais escuras e descamam com o decorrer da doença.

Na língua surgem caroços avermelhados recobertos com uma película parecida com um plástico branco amarelado. Essa película posteriormente se desfaz e a pele adquire o aspecto de framboesa, porque as papilas incham e ficam arroxeadas.

Tratamento

Segundo especialistas, diagnosticar a doença o mais rápido possível para evitar complicações que podem ser graves e para diminuir a sua ocorrência. Os médicos podem receitar antibióticos ou até mesmo remédio para passar as dores e a febre.

Entre as complicações mais graves estão: otites, meningite e sinusites, podem surgir enquanto a pessoa estiver doente. Outras, como reumatismo infeccioso e problemas nos rins, podem se manifestar depois, quando a doença já parece curada.

Se a doença for diagnosticada, é importante deixar o paciente isolado e em casa, visto que, mesmo sem sintomas, ele pode transmitir a doença. Todas as pessoas que tiveram contato com o paciente também devem ser examinados para que se descubra se estão ou não com a bactéria responsável pela infecção.

Em casos de surtos em escolas, é necessário adotar medidas preventivas como o afastamento de crianças diagnosticadas até 24 horas após o início do tratamento com antibióticos, a fim de evitar a disseminação.

Em Minas Gerais, outras quatro crianças que estão internadas em hospitais da região também estão sendo observadas.


Fonte: O GLOBO