Ministro da Defesa de Israel diz que Hezbollah decidiu entrar no conflito e 'está pagando preço alto'

As Forças de Defesa Israelenses (FDI) anunciaram neste sábado que duas "células terroristas" foram atacadas perto da fronteira com o Líbano "em resposta aos lançamentos em direção ao norte de Israel". Pela manhã, o ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o grupo Hezbollah, milícia xiita libanesa por vezes definida como o irmão mais velho do Hamas, está pagando um "preço alto" pelos ataques ao norte de Israel nos últimos dias.

"Na manhã deste sábado, uma célula terrorista lançou um foguete em direção a Har Dov, ao norte de Israel, que caiu em uma área aberta. Em resposta, os soldados das FDI identificaram a célula terrorista, que foi então alvo de uma aeronave das FDI", informou o órgão em comunicado.

Segundo as Forças de Defesa israelenses, "além disso, terroristas lançaram um míssil antitanque em direção à área de Margaliot, no norte de Israel". Mais uma vez, os militares identificaram e atacaram o alvo. "Acertos foram identificados durante ambos os ataques", afirmam as FDI.

No informe, o órgão israelense destaca ainda que "vários mísseis antitanque foram lançados em direção à área do Kibutz Hanita. Os soldados das FDI estão respondendo com fogo real em direção à origem do incêndio".

O Estado libanês faz fronteira com a região norte de Israel, onde ficam localizadas as regiões atingidas segundo o comunicado.

— O Hezbollah decidiu participar nos combates, e estamos cobrando um preço elevado por isso. Presumo que os desafios vão tornar-se maiores [do que são agora], e é preciso ter isso em mente, estar pronto, como uma mola, para qualquer situação — afirmou Gallant às tropas israelenses no campo de Biranit, na região fronteiriça.

Hezbollah

A milícia xiita libanesa tem mais tropas e um melhor arsenal que o Hamas, além de grande profundidade estratégica graças ao corredor do Líbano, Síria, Iraque e Irã.

Seu principal trunfo reside no arsenal de mísseis. Tal como no caso do Hamas, não há transparência nem dados verificados. Segundo o centro de pesquisa israelense Alma, o grupo possui algumas centenas de mísseis de alta precisão, cerca de 5 mil mísseis com alcance superior a 200 quilômetros (sendo o Fateh-110, capaz de atingir cerca de 300 quilômetros), cerca de 65 mil foguetes com alcance de até 45 quilômetros e mísseis de menos de 200 quilômetros, e cerca de 2 mil drones. Uma radiografia do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais também sublinha a relevância da Fateh-110.

Durante a guerra de 2006, que durou 34 dias, o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel, de um arsenal de cerca de 15 mil, segundo estimativas israelenses. E está melhor preparado agora do que estava à época.

Em termos de tropas, a variação vai dos 25 mil combatentes estimados pela revista especializada Jane's, em 2017, aos 100 mil declarados pelo próprio chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, em 2021, número considerado exagerado pelos especialistas

Sem dúvida, a sua intensa participação na Guerra da Síria ao lado de Bashar al-Assad, causou enormes baixas nos últimos anos, mas fez com que o grupo extremista também desenvolvesse experiência de combate — o que é sempre um elemento valioso para qualquer força armada. A presença persistente na Síria de células do grupo é uma vantagem potencial.


Fonte: O GLOBO