Trabalhadores temem que alimentos perecíveis sejam perdidos enquanto acordo por passagem, que pode ocorrer nesta sexta-feira, após reparos em áreas atingidas por bombardeios de Israel

No posto de fronteira de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza, os egípcios reparam os danos provocados pelos bombardeamentos israelenses para permitir a passagem dos caminhões de ajuda humanitária anunciados por Washington e pelo Cairo. Quase 150 caminhões esperam em Rafah há vários dias, segundo várias testemunhas.

Os veículos transportam a ajuda que chega do Egito ou do mundo em aviões que pousam no aeroporto de Al Arish, capital da província egípcia do norte do Sinai, a quase 40 quilômetros de Rafah.

O governo do Cairo informou que "quatro funcionários ficaram feridos" nos bombardeios israelenses quando trabalhavam nas operações de reparo.

Os trabalhadores humanitários estão preocupados com os alimentos perecíveis que aguardam para entrar na Faixa de Gaza, cercada e totalmente isolada no 13º dia da guerra entre Israel e Hamas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para uma catástrofe humanitária no pequeno território em que vivem 2,4 milhões de palestinos.

Nesta quinta-feira, o ministério egípcio das Relações Exteriores anunciou a chegada ao país do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pede há vários dias que a ajuda das Nações Unidas, armazenada nas fronteiras dos territórios palestinos ocupados, possa entrar em Gaza.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou ter conseguido que o presidente egípcio, Abdel Fatah Al Sisi, permita que até 20 caminhões passem por Rafah, a única passagem de fronteira para Gaza que não é controlada por Israel.

Biden alertou, no entanto, que a autorização poderia ser suspensa caso os suprimentos sejam confiscados pelo Hamas ou tenham sua entrada impedida pelo grupo.

— Sisi merece créditos porque ele foi complacente — disse Biden.

Israel exige que a ajuda seja distribuída apenas aos civis do sul da Faixa de Gaza, depois de exigir a evacuação da parte norte do território.

Segundo o presidente americano, as entregas devem começar apenas na sexta, considerando que o Egito precisará reparar os danos na estrada que liga o país ao enclave palestino. A Casa Branca informou que ambos os líderes concordaram em trabalhar juntos para dar uma resposta internacional que atenda ao apelo da ONU.

O acordo com o Egito foi anunciado horas depois de Israel e EUA concordarem com a entrada de "alimentos, água e remédios para a população civil". Nenhuma menção foi feita ao combustível, que é necessário para a única usina elétrica de Gaza — que está parada há dias —, que atende os geradores de hospitais e as bombas de extração de água.


Fonte: O GLOBO