Começam as finais por aparelhos; Flavinha, prata no individual geral, também compete entre as mulheres

A ginástica do Brasil pode conquistar mais cinco medalhas nesta terça-feira, nos Jogos Pan-americanos. E quem sabe o ouro que não vem desde a edição de 2007, no Rio, quando Jade foi campeã no salto. Rebeca Andrade, que nesta segunda-feira esteve fora da final do individual geral, é esperança principalmente na final do salto, prova que ela venceu no último Mundial, na Bélgica.

A brasileira, que estreia em Jogos Pan-americanos, disputará ainda a final das barras paralelas assimétricas, na qual também tem grandes chances, ao lado de Flavinha. No masculino, Arthur Nory e Yuri Guimarães disputam a final do solo.

Rebeca não entrou em ação nesta segunda-feira, mas esteve ao lado das companheiras de seleção Flavinha, que foi prata no individual geral, e Jade Barbosa, quarta colocada. No masculino, Diogo Soares também foi prata e Nory terminou em nono. Até o momento, a modalidade tem três medalhas de prata em Santiago-2023 (ainda há a prata por equipes da seleção feminina).

Flavinha e Jade: recuperação pós-cirurgia — Foto: Foto de Alexandre Loureiro/COB @alexandreloureiroimagens

Com o resultado desta segunda, Nory perdeu a chance de se classificar para os Jogos de Paris. Diogo, top 10 do individual geral no Mundial da Antuérpia, já tinha assegurado vaga (a seleção masculina, que ficou em 13.º no Mundial, não classificou a equipe e a feminina, prata, têm vaga).

— A Rebeca está muito bem, lida tranquilamente com o ambiente de competição. Sem o solo e o individual geral, ela conseguirá manter a qualidade nos outros aparelhos. E vai para a conquistas destas medalhas. A gente pensou em Paris e preferiu poupá-la aqui — declara Francisco Porath Neto, o Chico, que disse que as séries não mudariam para estas finais.

Retornos

Flavinha e Jade, que voltam de cirurgia, comemoraram a boa performance desde o Mundial:

— O mais importante para mim foi voltar esse ano, depois de uma cirurgia (no tornozelo, há cerca de um ano) e não imaginava que voltaria tão bem. O Mundial foi um sonho realizado, nunca me senti tão bem. E entramos em forma para o Pan. Entro leve e não preciso provar nada para ninguém. Passei por tanto sofrimento que também quero aproveitar — disse Flavinha.

Jade, que fez cirurgia de ligamento no joelho, há cerca de um ano, disse que, "pelo nível de ginástica que eu gosto de fazer e que me esforço para fazer" estava feliz de voltar a competir tão bem.

Diogo: top 10 no Mundial e prata no Pan-americano — Foto: Foto de Alexandre Loureiro/COB @alexandreloureiroimagens

— Foi uma preparação bem extensa, Copa do Mundo, Mundial e Pan-americano e algumas atletas ainda vão para outras competições depois daqui. Foi duro mas foi excelente. Conquistamos muitas medalhas e conseguimos manter o foco para Santiago. 

Isso não é fácil — disse Jade, que quer mudar sua série das assimétricas para Paris-2024, aumentando o grau de dificuldade — Estar aqui após 16 anos depois do meu primeiro Pan é uma benção que o esporte me proporciona. Nossa equipe é nova, com muito talento, resiliente e me sinto muito honrada com esta equipe do Brasil. 

Anos de carreira e estar com uma equipe tão talentosa, com uma geração tão especial o que posso falar do meu esporte? É incrível. A gente vai lutar por cada nota, cada final. A gente quer fazer História aqui no Pan.

Na quarta-feira acontecerão as últimas finais por aparelhos da ginástica artística. Júlia se apresentará na final do solo. E Rebeca e Flávia fazem a final da trave.

Pelo masculino, no salto e na barra fixa, o Brasil terá Nory e Yuri. Bernardo Miranda também disputará a final da barra fixa e, ao lado do Diogo, a decisão das paralelas.

No domingo, Rebeca falou sobre a conquista da primeira medalha pan-americana e o fato de ter optado por não disputar o solo:

— Me sinto orgulhosa com essa conquista e também por ter sido escutada e ter tido essa questão do respeito ao corpo. Não é só por Paris, já tem alguns anos isso. Tenho várias cirurgias, cinco no joelho e uma em cada pé. Preciso cuidar do meu corpo e mente. 

E somos uma equipe, uma ajuda a outra — falou a estrela da equipe. — Amo estar junto com as meninas, voltar para casa com essa medalha já é algo extremamente gigante para mim. Mas ainda tem muita água para rolar. Vou entrar nas finais para dar o meu máximo. Resultado é consequência. Eu quero mais!

Rebeca Andrade, na competição por equipes — Foto: Ricardo Bufolin/Divulgação CBGin

Sobre a grande fase em que se encontra e o assédio na Vila Pan-americana, ela falou que se sente honrada:

— Me sinto muito honrada, precisamos trabalhar muito para isso acontecer. Só aconteceu por causa do trabalho das pessoas que estão comigo. Não esperava viver tudo isso mas queria viver algumas destas coisas.


Fonte: O GLOBO