Garrocho e sua mulher, a também agente de polícia Reniely, ganharam fama há cerca de cinco anos, quando começaram a gravar vídeos para o canal Casal Policial

O influenciador digital Thiago Batista Garrocho, de 36 anos, anunciou em seu perfil nas redes sociais que pediu baixa voluntária da Polícia Militar do Espírito Santo, onde foi soldado por mais de nove anos. Garrocho e sua mulher, a também agente de polícia Reniely, ganharam fama há cerca de cinco anos, quando começaram a gravar vídeos bem humorados sobre o cotidiano do casal e a vida na profissão. O soldado da PM, no entanto, teve problemas com a corporação devido aos registros nos quais aparecia fardado.

As gravações eram publicadas no perfil Casal Policial, com mais de 4 milhões de seguidores no Tiktok e 1 milhão de seguidores no Instagram. Segundo Thiago, foram mais de 5 mil publicações nas redes sociais desde 2018, até que a corporação decidiu investigar alguns dos registros e abriu processos contra o policial. A intenção dos vídeos, segundo ele, era “humanizar a farda” e mostrar que “o policial não e só aquele cara bravo, com a cara fechada”.

Thiago Garrocho divulgou vídeo preparando equipamento a ser devolvido à corporação, neste domingo — Foto: Reprodução/Instagram

Em março deste ano, o agente já havia comunicado aos seguidores sobre os problemas que vinha enfrentando com a Polícia Militar. Na época, ele contou ter sido suspenso do serviço por dez dias, com abatimento salarial.

— Pegaram cinco vídeos meus, analisaram e me puniram. por estar às vezes sem boina, por ter feito um video que julgaram que foi durante o serviço, por estar com a farda amassada, desalinhada, sem tarjeta, falando às vezes sobre o colete e diversos outros fatos, que eu trazia de informação aqui só para tirar dúvidas das pessoas. Nunca fiz isso com intenção ode trazer repercussão negativa para a polícia — relatou o policial.

Neste domingo, Garrocho decidiu divulgar o pedido de baixa voluntária. Uma decisão sem volta, segundo o influencer, que diz ter certeza que “fez o melhor”. Questionado por um seguidor se consideraria regressar, caso a corporação permitisse a gravação dos vídeos, ele diz que não.

— Não existe essa possibilidade. Virei a página, quero outra coisa pra minha vida e não existe liberdade de expressão dentro do militarismo — afirma o ex-policial, que pretende continuar atuando nas plataformas digitais: — Já que o percursor da minha saída foi essa questão de fazer vídeos para a internet e os vídeos foram contra as normas, acredito que nada mais justo do que utilizar essa parte da internet para fazer alguma coisa. Não tô mais com saco para ficar engolindo sapo de ninguém.

Procurada pelo GLOBO, a Polícia Militar do Espírito Santo ainda não se pronunciou sobre o caso. Segundo o g1, a corporação confirmou que o pedido foi recebido, e que a demissão do ex-soldado foi oficializada em 28 de setembro.


Fonte: O GLOBO