Demora na escolha de PGR é recorde, e presidente também precisa definir novo nome para o STF
Tentativa de conter o apetite do Centrão, estratégia para minimizar o desgaste na saída de aliados e dúvidas sobre qual caminho seguir são os motivos que têm levado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a adiar decisões, na visão de aliados.
Segundo interlocutores, a demora nas escolhas para o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) se enquadra na última hipótese: indeciso sobre qual seria a melhor solução, o chefe do Executivo vem postergando as definições de maneira inédita. A forma de atuação já era vista nos dois primeiros mandatos, mas se intensificou agora, de acordo com auxiliares.
No caso da PGR, Elizeta Ramos completou na semana passada um mês como interina, em substituição a Augusto Aras, sem que o presidente tenha indicado um nome para o posto. Nunca houve lentidão semelhante na escolha para o posto. O presidente não simpatizou com nenhum dos postulantes com quem já conversou, entre eles o subprocurador-geral Antônio Carlos Bigonha, que tem apoio de boa parte do PT.
Já a vaga do Supremo está aberta há um mês, desde que a ministra Rosa Weber se aposentou. Aliados dizem que o presidente está em dúvida entre os ministros Flávio Dino (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia Geral da União). Os dois têm perfis bastante diferentes. Dino, que não agrada ao PT, tem um histórico político mais denso e poderia exercer um protagonismo maior dentro da Corte. Messias é mais discreto e conciliador, além de ser apoiado por quase todas as lideranças petistas.
Na sexta-feira, em café da manhã com jornalistas, Lula disse que o escolhido "pode ser mulher, pode ser homem, pode ser negro, pode ser negra”. Para aliados, a declaração abre as portas para a escolha de um novo nome que não tem sido cogitado até o momento.
A morosidade pode ser exemplificada no processo de demissão de Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica Federal. As primeiras informações sobre a decisão do governo federal de entregar o comando do banco para o Centrão começaram a circular no começo de julho. Desde aquela época, a saída de Serrano já era dada como certa por auxiliares de Lula. Porém, a concretização da troca demorou mais de três meses para ocorrer e só foi anunciada na semana passada.
Quando usado como estratégia, o adiamento dos anúncios serve para reafirmar o poder de Lula e deixar claro que, apesar de aceitar ceder à cobiça por cargos do Congresso, é ele quem controla o tempo. Há ainda um entendimento no Planalto que o Centrão sempre vai pleitear novos espaços no governo. Ao deixar um pedido na geladeira, o presidente evita assim que novos surjam.
Em alguns casos, para justificar o adiamento de decisões, Lula tem contado neste terceiro mandato com as idas ao exterior. Foram 67 dias fora do Brasil até agora. Durante as viagens, o presidente, em geral, se concentra apenas nas agendas locais e costuma deixar os problemas do país para serem resolvidos na volta.
Ainda dentro do modo Lula de tomar decisão, auxiliares dizem que o presidente se irrita quando é pressionado e se recusa a ceder nessas situações. Ele teria ficado contrariado e adiado a decisão sobre a mudança na Caixa em mais de um mês por causa de uma entrevista do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao jornal “Folha de S. Paulo”, no dia 17 de setembro, em que Lira afirma de forma clara que havia um acordo com os partidos para indicação do comando do banco.
Para um aliado, porém, se o objetivo nesse caso era medir forças com Lira, o plano não deu certo, já que no fim das contas Carlos Antônio Vieira, indicado pelo presidente da Câmara, acabou sendo o escolhido para presidir a Caixa. Além disso, durante o período em que a pauta da Câmara ficou travada, o presidente viu projetos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação serem alterados por pressão dos congressistas.
No caso da mudança do banco, Lula também tentou, na visão de um petista próximo, fazer com que Rita Serrano pedisse demissão. O presidente não gosta de ter que anunciar para auxiliares que irá tirá-los dos cargos, por isso deixou com que as informações sobre a sua insatisfação com a dirigente do banco circulassem, imaginando que ela não resistiria à fritura pública. Mas Rita não cedeu e foi comunicada da demissão na última quarta-feira.
Com a ex-ministra do Esporte, Ana Moser, também houve uma tentativa de forçar um pedido de demissão, mas, assim como a presidente da Caixa, ela resistiu. Lula então a chamou ao Palácio do Alvorada e disse que precisava entregar o seu cargo a André Fufuca (PP).
Aliás, a reforma ministerial que resultou na entrada de Fufuca e de Silvio Costa Filho (PP) no Ministério de Portos e Aeroportos, além da transferência de Márcio França (PSB) para uma nova pasta de empreendedorismo, demorou cerca de dois meses para se concretizar. Integrantes da equipe de articulação política relataram, na época, estarem sofrendo grande pressão do Centrão pela concretização das mudanças.
Outras vagas abertas
Com a votação no Senado que barrou a indicação de Igor Roque para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU), o governo tem agora a necessidade também de escolher um novo nome para o posto.
No caso da PGR, Elizeta Ramos completou na semana passada um mês como interina, em substituição a Augusto Aras, sem que o presidente tenha indicado um nome para o posto. Nunca houve lentidão semelhante na escolha para o posto. O presidente não simpatizou com nenhum dos postulantes com quem já conversou, entre eles o subprocurador-geral Antônio Carlos Bigonha, que tem apoio de boa parte do PT.
Já a vaga do Supremo está aberta há um mês, desde que a ministra Rosa Weber se aposentou. Aliados dizem que o presidente está em dúvida entre os ministros Flávio Dino (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia Geral da União). Os dois têm perfis bastante diferentes. Dino, que não agrada ao PT, tem um histórico político mais denso e poderia exercer um protagonismo maior dentro da Corte. Messias é mais discreto e conciliador, além de ser apoiado por quase todas as lideranças petistas.
Na sexta-feira, em café da manhã com jornalistas, Lula disse que o escolhido "pode ser mulher, pode ser homem, pode ser negro, pode ser negra”. Para aliados, a declaração abre as portas para a escolha de um novo nome que não tem sido cogitado até o momento.
A morosidade pode ser exemplificada no processo de demissão de Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica Federal. As primeiras informações sobre a decisão do governo federal de entregar o comando do banco para o Centrão começaram a circular no começo de julho. Desde aquela época, a saída de Serrano já era dada como certa por auxiliares de Lula. Porém, a concretização da troca demorou mais de três meses para ocorrer e só foi anunciada na semana passada.
Quando usado como estratégia, o adiamento dos anúncios serve para reafirmar o poder de Lula e deixar claro que, apesar de aceitar ceder à cobiça por cargos do Congresso, é ele quem controla o tempo. Há ainda um entendimento no Planalto que o Centrão sempre vai pleitear novos espaços no governo. Ao deixar um pedido na geladeira, o presidente evita assim que novos surjam.
Em alguns casos, para justificar o adiamento de decisões, Lula tem contado neste terceiro mandato com as idas ao exterior. Foram 67 dias fora do Brasil até agora. Durante as viagens, o presidente, em geral, se concentra apenas nas agendas locais e costuma deixar os problemas do país para serem resolvidos na volta.
Ainda dentro do modo Lula de tomar decisão, auxiliares dizem que o presidente se irrita quando é pressionado e se recusa a ceder nessas situações. Ele teria ficado contrariado e adiado a decisão sobre a mudança na Caixa em mais de um mês por causa de uma entrevista do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao jornal “Folha de S. Paulo”, no dia 17 de setembro, em que Lira afirma de forma clara que havia um acordo com os partidos para indicação do comando do banco.
Para um aliado, porém, se o objetivo nesse caso era medir forças com Lira, o plano não deu certo, já que no fim das contas Carlos Antônio Vieira, indicado pelo presidente da Câmara, acabou sendo o escolhido para presidir a Caixa. Além disso, durante o período em que a pauta da Câmara ficou travada, o presidente viu projetos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação serem alterados por pressão dos congressistas.
No caso da mudança do banco, Lula também tentou, na visão de um petista próximo, fazer com que Rita Serrano pedisse demissão. O presidente não gosta de ter que anunciar para auxiliares que irá tirá-los dos cargos, por isso deixou com que as informações sobre a sua insatisfação com a dirigente do banco circulassem, imaginando que ela não resistiria à fritura pública. Mas Rita não cedeu e foi comunicada da demissão na última quarta-feira.
Com a ex-ministra do Esporte, Ana Moser, também houve uma tentativa de forçar um pedido de demissão, mas, assim como a presidente da Caixa, ela resistiu. Lula então a chamou ao Palácio do Alvorada e disse que precisava entregar o seu cargo a André Fufuca (PP).
Aliás, a reforma ministerial que resultou na entrada de Fufuca e de Silvio Costa Filho (PP) no Ministério de Portos e Aeroportos, além da transferência de Márcio França (PSB) para uma nova pasta de empreendedorismo, demorou cerca de dois meses para se concretizar. Integrantes da equipe de articulação política relataram, na época, estarem sofrendo grande pressão do Centrão pela concretização das mudanças.
Outras vagas abertas
Com a votação no Senado que barrou a indicação de Igor Roque para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU), o governo tem agora a necessidade também de escolher um novo nome para o posto.
Além disso, como mostrou O GLOBO, há três vagas de conselheiros abertas no Conselho Econômico de Defesa do Consumidor (Cade) — uma quarta será aberta em janeiro — Até janeiro, ainda ficarão vagos postos de diretores das agências nacionais do Petróleo (ANP); Telecomunicações (Anatel); Mineração (ANM); e de Águas (ANA). O Palácio do Planalto já prevê um novo foco de tensão com o Congresso nas definições destes cargos.
Fonte: O GLOBO
Fonte: O GLOBO
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