Expectativa é que 50 mil argentinos viajem para a final da Libertadores, contra o Fluminense, no sábado

Cinco anos depois da decisão de 2018, quando o Boca Juniors perdeu o título para o maior rival, o River Plate, o clube está de volta à final da Libertadores. Pelo menos 30 mil “xeneizes” compraram ingresso para empurrar o time rumo ao hepta da competição, no Maracanã, no sábado, quando a equipe enfrenta o Fluminense. Porém, eles não serão os únicos. Dezenas de milhares são esperados no Rio de Janeiro, mesmo fora do estádio.

É o caso do especialista em segurança do trabalho Emiliano Ortenzi, de 33 anos. Ele chegou ao Rio uma semana antes da decisão, acompanhado do primo e de um amigo. Apesar de não ter ingresso para o jogo, faz questão de estar presente no momento que pode coroar o Boca como o maior campeão da história da Libertadores — empatado com o compatriota Independiente.

— O torcedor do Boca Juniors sempre sonha com este título. Já passamos por 12 finais. Quando vimos que a decisão seria no Maracanã, torcemos mais ainda para o Boca conseguir chegar, porque, junto com La Bombonera, é um dos estádios mais importantes do futebol sul-americano — conta.

Segurança redobrada

É difícil mensurar ao certo quantos argentinos chegarão ao Rio. No Mundial de 2014, quando a seleção da Argentina foi vice-campeã, também no Maracanã, cerca de 80 mil torcedores marcaram presença. Desta vez, veículos da imprensa argentina chegaram a prever 150 mil torcedores, expectativa parecida com a que vem do próprio clube (entre 100 e 150 mil). 

A Polícia Militar do Rio de Janeiro não respondeu ao GLOBO a estimativa de torcedores esperados, no entanto, a projeção do Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (Bepe), em documentos oficiais para o policiamento do fim de semana na cidade, é de “apenas” 50 mil argentinos.

Esta é a primeira vez que Emiliano faz uma viagem internacional para ver uma partida do Boca. Ele comprou as passagens aéreas e resolveu a hospedagem há menos de um mês, quando o time garantiu vaga na final, mas já sonhava com a viagem há um bom tempo.

— Nós somos um grupo de 30 pessoas, e só três ou quatro têm ingresso — conta, o que pode indicar mais argentinos fora do que dentro do estádio no sábado — Viemos para poder cantar e apoiar o time, e dar forças para conquistarem o título. Iremos aonde for preciso para isso.

Gustavo e Ramiro, torcedores do Boca — Foto: Domingos Peixoto

Para receber a “invasão”, a Prefeitura do Rio irá ceder espaços públicos para alojar os visitantes. A expectativa é que um deles seja o Terreirão do Samba, no Centro, que os “hermanos” também utilizaram na Copa de 2014. O anúncio oficial sobre esta definição será feito hoje.

Também haverá reforço na segurança em pontos da cidade considerados sensíveis. O efetivo será ampliado em locais como os aeroportos e Copacabana — onde a Conmebol inaugurou ontem a fan zone da competição, com entrada gratuita e funcionamento até sexta, das 14h às 22h —, e a previsão é de que chegue a 1,2 mil agentes.

Lotação próxima

Junto com outros eventos que acontecem em datas próximas — o feriado de Finados, na quinta, e o show da banda americana Red Hot Chilli Peppers, marcada para o sábado, no Nilton Santos —, a final da Libertadores também gera expectativas para o turismo.

Segundo dados do HotéisRIO, Sindicato Patronal de todos os meios de hospedagem da cidade, a média de ocupação na cidade para novembro está em 81,6%, mas no dia 4, o número sobe para 84,21%. Dados da empresa de passagens aéreas Decolar revelam que houve um aumento de 423% na procura de voos saindo de Buenos Aires para o Rio nos dias próximos à final.

A Latam disse que “registra uma ocupação acima de 95% nos dias que antecedem o jogo, confirmando algo que já era esperado para o período”.

Ainda há muitos torcedores vindo de ônibus e carro — ou mesmo de bicicleta. Se a ida é cheia de esperança, resta só saber se a volta será com o troféu da Libertadores. O outro caminho possível para o troféu, bem mais curto, do Maracanã a Laranjeiras, passa, ironicamente, entre o Sambódromo e Terreirão do Samba, justamente os locais possíveis para abrigo dos torcedores do Boca.


Fonte: O GLOBO