Ministro da Defesa disse que melhores comandantes e soldados estão na fronteira e verão a região ‘de dentro’

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou, nesta quinta-feira, que as tropas terrestres devem estar prontas para entrar na Faixa de Gaza. Durante um encontro com a infantaria na fronteira, ele ordenou que as forças “se organizassem” para a ordem de entrar na região, embora não tenha dito quando a invasão deve começar.

— Quem vê Gaza de longe, verá de dentro. Eu prometo — disse ele em um vídeo divulgado pelo Exército de Israel. — Agora, nossas manobras vão levar a guerra para o território deles (do Hamas). Será longo e intenso. Os melhores comandantes e soldados estão aqui.

Após o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel em 7 de outubro, as tropas israelenses têm sido concentradas ao longo da fronteira com Gaza. A última invasão terrestre israelense e em grande escala na região foi em 2014. Na ocasião, uma guerra de 50 dias entre Israel e Hamas matou milhares de palestinos e dezenas de israelenses.

Agora, espera-se que o ataque seja a maior operação terrestre de Israel desde que invadiu o Líbano em 2006. A concentração militar vista em imagens de satélite situa-se a cerca de seis quilômetros a norte da passagem de Erez, o principal ponto de entrada na fronteira norte de Gaza e que permanece fechada desde que as forças israelenses a recapturaram após sua tomada em 7 de outubro.

Tanques e blindados na fronteira

Imagens de satélite mostram tanques de Israel concentrados ao norte de Gaza — Foto: The New York Times/Planet Labs

Embora não seja possível uma contabilização exata de cada parte da expansão de Israel, tanques israelenses também foram vistos em outros locais. Tanques e veículos blindados foram fotografados em 14 de outubro em um centro de reparos perto de Be'eri, a cerca de três quilômetros ao norte do local do festival de música atacado pelo Hamas.

Os veículos próximos à Travessia de Erez chegaram ao local entre 8 e 14 de outubro, de acordo com imagens do Planet Labs. Fotografias tiradas na mesma área no sábado mostram uma série de veículos blindados, incluindo tanques Merkava, veículos blindados de transporte de pessoal e escavadeiras militarizadas.

Antes da invasão terrestre, Israel exigiu que toda a população do norte de Gaza – cerca de 1,1 milhão de pessoas – evacuasse para a metade sul do território. Mas muitas pessoas não conseguem se movimentar e, na terça-feira, Israel disse ter intensificado os bombardeios em cidades do sul de Gaza, levando alguns palestinos a considerarem voltar para casa.

‘O maior cemitério do mundo’

A fala de Gallant ocorreu no mesmo dia em que o Ministro da Economia do país, Nir Barkat, disse à “ABC News” que os militares tinham “luz verde” para invadir Gaza. Ele acrescentou que os quilômetros de túneis construídos pelo Hamas se tornariam “o maior cemitério do mundo”, e que a “primeira e última prioridade” é destruir o grupo terrorista.

Ao todo, o Hamas mantém 199 reféns israelitas e estrangeiros. Eles foram sequestrados no dia 7 de outubro. Em retaliação, aviões de guerra e artilharia de Israel bombardearam alvos em Gaza, destruindo redutos do grupo, mas também matando civis. Desde o início da guerra, mais de 4,1 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza.

A expectativa é que a ofensiva terrestre, que incluirá esquadrões de tanques israelenses, drones não tripulados, forças espaciais e recrutas, resulte em mais baixas. Nesse contexto, os Estados Unidos emitiram um raro aviso de segurança alertando o “potencial para ataques terroristas, manifestações ou ações violentas contra cidadãos e interesses dos EUA”.


Fonte: O GLOBO