Grupo libanês é considerado 'o irmão mais velho do Hamas'

O ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o grupo Hezbollah, milícia xiita libanesa por vezes definida como o irmão mais velho do Hamas, está pagando um "preço alto" pelos ataques ao norte de Israel nos últimos dias. A declaração foi dada às tropas israelenses no campo de Biranit, na fronteira com o Líbano, neste sábado.

— O Hezbollah decidiu participar nos combates, e estamos cobrando um preço elevado por isso. Presumo que os desafios vão tornar-se maiores [do que são agora], e é preciso ter isso em mente, estar pronto, como uma mola, para qualquer situação — afirmou Gallant.

Segundo o Times of Israel, o número de membros do Hezbollah mortos em ataques retaliatórios de Israel no sul do Líbano nas últimas duas semanas já passa de 13.

Expansão do conflito

Os possíveis caminhos de expansão do conflito entre Israel e Hamas são claros. O principal deles é a entrada do Hezbollah, com muito mais poderio militar que o Hamas e com laços estreitos com o Irã. Outros pontos de risco são as milícias presentes na Síria e no Iraque, que incluem membros do próprio Hezbollah, da Guarda Revolucionária Iraniana ou outros grupos com tropas do Afeganistão ou do Paquistão.

Outras consequências são, obviamente, a eclosão de protestos violentos na Cisjordânia, com a possível desestabilização da Autoridade Nacional Palestina (ANP), além do risco de ações terroristas em todo o planeta. Quanto aos países do mundo árabe, que há muito caminham no sentido da normalização das relações com Israel, o risco não é militar, mas sim da raiva dos cidadãos que pode fazer parte do cálculo de outros atores envolvidos.

Hezbollah

O principal trunfo do Hezbollah reside no arsenal de mísseis. Tal como no caso do Hamas, não há transparência nem dados verificados. Segundo o centro de pesquisa israelense Alma, o grupo possui algumas centenas de mísseis de alta precisão, cerca de 5 mil mísseis com alcance superior a 200 quilômetros (sendo o Fateh-110, capaz de atingir cerca de 300 quilômetros), cerca de 65 mil foguetes com alcance de até 45 quilômetros e mísseis de menos de 200 quilômetros, e cerca de 2 mil drones. Uma radiografia do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais também sublinha a relevância da Fateh-110.

Durante a guerra de 2006, que durou 34 dias, o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel, de um arsenal de cerca de 15 mil, segundo estimativas israelenses. E está melhor preparado agora do que estava à época.

Em termos de tropas, a variação vai dos 25 mil combatentes estimados pela revista especializada Jane's, em 2017, aos 100 mil declarados pelo próprio chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, em 2021, número considerado exagerado pelos especialistas.

Sem dúvida, a sua intensa participação na Guerra da Síria ao lado de Bashar al-Assad, causou enormes baixas nos últimos anos, mas fez com que o grupo extremista também desenvolvesse experiência de combate — o que é sempre um elemento valioso para qualquer força armada. A presença persistente na Síria de células do grupo é uma vantagem potencial.


Fonte: O GLOBO