Partido passou a considerar também outras opções, como lançar chapa ou aliança com outro nome

As desavenças internas no PSDB ganharam um novo capítulo após o presidente nacional do partido, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, invalidar a eleição do diretório municipal em São Paulo e nomear um comando provisório. Ele escolheu Orlando Faria como presidente, o que gerou uma indefinição sobre os planos da sigla para 2024.

Até então, o diretório tucano da cidade defendia abertamente o apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na eleição do ano que vem. Mas o novo presidente, que assumiu na última quarta-feira, não garante mais esse apoio.

Agora, segundo o GLOBO apurou com integrantes do partido, outras opções também estão na mesa, como o lançamento de candidatura própria ou até um eventual alinhamento com a chapa da deputada federal Tabata Amaral (PSB).

Em 18 de setembro, o mandato de Fernando Alfredo como presidente municipal do PSDB chegou ao fim. O tucano realizou uma convenção na qual foi reeleito por aclamação. A direção nacional do partido, no entanto, não reconheceu o pleito alegando ter recebido denúncias de que Alfredo teria ameaçado cancelar filiações de quem não o apoiasse.

Como o partido não poderia ficar sem comando na esfera municipal, o governador gaúcho nomeou uma nova executiva, com Orlando Faria como presidente interino. Não há data prevista para realização de uma nova convenção. Ao GLOBO, um membro do diretório municipal anterior chamou a decisão de Eduardo Leite de “golpe”.

Crítico ao prefeito

Faria era secretário de Habitação na gestão Bruno Covas. Ele foi exonerado em 2021 por Nunes porque declarou apoio a Eduardo Leite nas prévias do PSDB que definiriam o candidato tucano à presidência da República no ano seguinte. Nunes apoiava João Doria. Desde então, Faria é crítico à gestão do atual prefeito.

O novo presidente do PSDB paulistano afirmou que a mudança na liderança do partido “não tem absolutamente nada a ver com a eleição de 2024”, e que ainda “é muito cedo para pautar essa discussão”. Faria diz que a prioridade agora é conversar com os vereadores e a militância tucana para “restabelecer a paz” dentro do partido após “um processo traumático”.

Paulo Serra, prefeito de Santo André, no Grande ABC, e aliado de primeira hora de Leite, disse que após diálogos com a militância e integrantes do partido, “a gente vai retomar as conversas com vistas à eleição do ano que vem”.

— Continua na mesa o apoio ao Ricardo (Nunes), mas isso vai ser discutido no momento correto, com o partido restabelecido para traçar o melhor caminho — aponta.

O novo episódio paulistano reforça a insatisfação de uma ala do partido com a atual direção nacional. No mês passado, Orlando Morando (PSDB), prefeito de São Bernardo do Campo, também no Grande ABC, entrou com uma ação na Justiça questionando o direito do gaúcho de presidir a legenda.

Em 11 de setembro, a Justiça do Distrito Federal deu 30 dias para a realização de uma nova eleição para definir a composição da Executiva Nacional, mas isso ainda não foi feito.

A defesa da atual direção tem argumentado, neste processo, que já existe uma convenção marcada para novembro na qual será votada a nova composição, e que por isso não haveria necessidade de antecipar o pleito interno. Isso porque o calendário de convenções do partido começou em setembro, com a escolha dos diretórios municipais. Neste mês, serão escolhidos os integrantes das executivas estaduais e, em novembro, a executiva nacional.


Fonte: O GLOBO