Cruz-maltino está a apenas um ponto de deixar a zona de rebaixamento a dez rodadas do fim do campeonato

A derrota por 1 a 0 para o Flamengo, no domingo, doeu no Vasco, especialmente pelo número de chances criadas e oportunidades claras de abrir o placar antes do gol de Gerson. Mas também voltou a mostrar a tendência de crescimento do time de Ramón Díaz nesta segunda metade de Campeonato Brasileiro. O cruz-maltino pontua mais que seus rivais e dá sinais coletivos e individuais em campo de que é um dos grandes times deste segundo turno de Brasileiro, com boas chances de se livrar do rebaixamento.

A intensidade da equipe, que causou problemas ao Flamengo, contribui para o cenário de mais otimismo, citado pelo próprio técnico Ramón Díaz após o clássico. Entre os atletas, nomes como Payet e o lateral Paulo Henrique ganham espaço em momento decisivo entre os titulares.

— O otimismo que eu tenho, é o otimismo que os jogadores têm, a torcida tem. O Vasco está competindo muito bem. Contra as equipes grandes teve um bom nível. Não foi fácil para o Flamengo, criamos situações. Então, esse otimismo nos faz acreditar que vamos competir até o final e não vamos cair — afirmou Díaz.

O GLOBO aponta cinco motivos pelos quais a permanência do Vasco na Série A é factível:

1. Aproveitamento em relação aos rivais

Desde agosto, primeiro mês em que todas as partidas foram sob o comando do treinador argentino, o cruz-maltino pontuou em nova das 12 oportunidades — uma delas, no jogo atrasado do primeiro turno contra o América-MG. 

Só nessa sequência, foram 21 pontos conquistados dos 30 que o time tem hoje. Um desempenho animador quando comparado ao dos rivais diretos na luta contra a queda no recorte dos mesmos últimos 12 jogos pelo Brasileirão.

O aproveitamento do Vasco em relação aos rivais — Foto: Editoria de Arte

Só o Bahia, com 20 pontos, chegou perto do aproveitamento vascaíno. Com um primeiro turno melhor em relação aos cariocas, o time soteropolitano se desgarrou do pelotão de baixo. Hoje, tem 34 pontos, quatro a mais que o cruz-maltino.

É notável a diferença quando se comparam os turnos: o Vasco teve campanha de 18º colocado no primeiro, com apenas 16 pontos (contando o jogo com o América-MG). No segundo, estaria no G6, com 14 pontos em nove partidas até aqui.

2. Payet ambientado

Contratado como grande reforço da temporada, o meia Payet vem crescendo em rendimento e parece ter assumido de vez a vaga de titular. Autor do gol da vitória sobre o Fortaleza, teve bom desempenho no clássico. Foram três passes decisivos e uma grande chance criada em 75 minutos em campo, segundo o Sofascore.

Payet marcou o primeiro gol pelo Vasco — Foto: Leandro Amorim/Vasco

A impressão é que francês pode ir ainda melhor à medida que ganhar confiança para conseguir aproveitar sua qualidade em lances mais individuais. Ainda será um desafio para o técnico encaixá-lo na função de armador, centralizado e vindo de trás, onde rendeu melhor. A tendência é que Paulinho passe a atuar mais aberto, quase como um ponta, como fez no clássico.

3. Paulo Henrique é surpresa na complicada lateral direita

Os dois últimos jogos também deram a Ramón e ao torcedor um alento quase inesperado na lateral direita, que vinha sendo um problema ao longo de toda a temporada com a queda de rendimento de Puma Rodríguez. Paulo Henrique, que vinha com pouco espaço, voltou a ganhar chance e rapidamente se mostrou a melhor opção para o setor.

Paulo Henrique surge como opção na lateral direita — Foto: Leandro Amorim/Vasco

Mais confiante, o jogador sem impôs no físico e na velocidade. Se mantiver o nível, tem tudo para fechar o ano como solução inesperada.

4. Intensidade e criação

O fator físico também é outra boa notícia. O Vasco é um dos mais intensos do campeonato, uma característica de equipes que brigam na ponta de cima e que faz com que o cruz-maltino crie muito, especialmente na transição, quando rouba a bola pelo meio, seu setor mais forte.

O time de São Januário já aparece no top 10 de grandes chances criadas no Brasileirão, de acordo com o Sofascore, com as mesmas 53 do Fluminense (10º). Ao mesmo tempo, o lateral-esquerdo Lucas Piton também aparece entre os dez primeiros na métrica de “assistências esperadas”, que faz um comparativo analítico sobre momentos do jogo, com 4.24 esperadas e três concretizadas neste campeonato.

Lucas Piton em ação pelo Vasco — Foto: Leandro Amorim/Vasco

5. Boas atuações de reservas, ao menos no setor defensivo

Dois jogadores que vêm crescendo em produção desde a chegada de Ramón Díaz, o zagueiro Maicon e o volante Jair têm entrado bem na maioria das oportunidades que recebem — e não foram poucas neste segundo turno. O zagueiro, em especial, tem dado conta do recado nas ausências de Medel, jogador importantíssimo na defesa cruz-maltina.

Maicon em ação pelo Vasco — Foto: Leandro Amorim/Vasco

O problema reside no setor ofensivo. O experiente Rossi e o jovem Marlon Gomes, muito utilizados, ficaram fora do clássico por lesões. Eram nomes que vinham atuando até mesmo como titulares. O técnico chegou a testar o jovem Erick Marcus (também retornando de lesão), Sebastián Ferreira e Orellano — outro que perdeu espaço —, mas não conseguiu mudar o panorama do jogo.


Fonte: O GLOBO