Desde a semana passada, prefeito de Rio Branco pede aprovação de dois empréstimos que somam R$ 340 milhões. Vereadores da base se dizem pressionados para aprovarem o projeto.

As discussões sobre dois pedidos de empréstimos feitos pela Prefeitura de Rio Branco na última semana, que somam R$ 340 milhões, têm gerado desconforto entre Tião Bocalom e sua base na Câmara de Vereadores de Rio Branco.

Na terça-feira (24), houve a convocação de uma sessão extraordinária, mas, por causa da falta de um documento emitido pelo Banco do Brasil sobre os juros, amortização e prazos do empréstimo, o projeto foi retirado de pauta. Já nesta quarta-feira (25), o prefeito Tião Bocalom reuniu a imprensa e fez um apelo aos vereadores para a aprovação da matéria.

Já nesta quinta-feira (26), os vereadores voltaram a debater sobre o assunto após a prefeitura protocolar novamente o pedido na Casa. Com ânimos exaltados, vereadores da base relataram pressão por parte da prefeitura para que o projeto fosse aprovado e apontaram falhas nos documentos.

Lene Petecão, do PSD, usou a tribuna para dizer que aliados seus estavam sendo exonerados. Ela voltou a dizer que sempre apoiou e apoia o prefeito, mas que o projeto precisa ser analisado com cautela. O marido da vereadora, Elias Martins Evangelista, foi exonerado do cargo de diretor Administrativo e Financeiro da Empresa Municipal de Urbanização de Rio Branco (Emurb) nesta quinta.

"A vida inteira fui oposição, não tenho direito de analisar, ler, de ouvir minha procuradoria. É assim que temos que nos comportar, temos uma procuradoria forte, que nos embasa. Não pense que vou me intimidar com Diário Oficial. Nunca tive nada, primeira vez que me desgastei para ser base em um prefeito, de um projeto que acredito. Digo para todos, que agora vou mostrar nessa casa o DNA da prefeitura de Rio Branco, de A a Z, que já está pronto", disse.

Também em sua fala, N. Lima, do PP, se solidarizou com a parlamentar e disse que o projeto não foi colocado para análise da forma correta.

“Truculência em cima de uma pessoa que não votou, ainda disse não ao projeto, não disse nada, como sempre foi falado aqui é que estamos analisando, como falei com a reunião de Tião Bocalom, falei tudo que poderia acontecer com a aprovação desse empréstimo, passei mensagem informando dos perigos. Jogaram uma coisa na mesa e disseram: ‘é pra aprovar amanhã’.

Ninguém sabia nem o que era, era só um papel. Se eu fosse presidente, veio tudo errado, não tem um projeto, o projeto está todo errado e foi nossa procuradoria que tentou ajeitar. As taxas, que estão dizendo 5%, tava 8%, mas quando formos analisar está 12%. Comprometendo todo o dinheiro da prefeitura, de servidores dessa casa, repasse do FPM. Mas, não vi nenhum vereador dizer que ia negar”, pontuou.

O projeto foi protocolado Neiva Azevedo da Silva Tessinari, secretária de Planejamento. Na tribuna, João Marcos Luz, líder do prefeito na Câmara, defendeu mais uma vez o projeto e voltou a bater que esta é uma maneira de fomentar a economia.

“É geração de emprego, renda e qualidade de vida pro cidadão, nós que somos rio-branquenses sabemos a dificuldade que está. Não tem economia girando e esse recurso é para fomentar a economia, está muito claro. O debate é no campo das ideias e esperamos que o projeto seja aprovado”, disse.


Em meio a impasse para aprovação de empréstimos, prefeito de Rio Branco faz apelo a vereadores: ‘tem que aproveitar’ — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre

Prefeitura pede aprovação

Na quarta-feira (25), o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, fez uma coletiva de imprensa e pediu que o parlamento aprovasse o projeto. Na ocasião, aproveitou para alfinetar a base na Casa, afirmando que o número de aliados na Câmara poderia mudar.

Atualmente, 15 dos 17 vereadores de Rio Branco dão sustentação ao executivo municipal na Casa. “Evidentemente, que dá pra começar a ver já, alguns que parecem que de jeito nenhum ficam na base e aí, fazer o quê? Eu acho que não ficou bem.”

Para justificar os valores, o gestor defendeu que a questão da infraestrutura, saneamento básico e segurança precisa ser tratada como prioridade.

“O recurso que a gente pede para poder ser aprovado para fazer investimentos é mixaria perto do que a gente precisa. Então, é uma oportunidade que a gente tem. Quando nós buscamos esse apoio financeiro pra gente continuar as obras e aumentar o número de obras, gente, é porque a nossa prefeitura tá entrando no ponto de fazer isso. A gente tem que aproveitar as oportunidades”, pontua.

Bocalom defendeu ainda que o dinheiro deve render na mão da gestão e convocou que os vereadores aprovem os pedidos.

“Então espero e peço aos nossos vereadores na Câmara, especialmente os que fazem parte da base. Que nos ajude a aprovar esse projeto, porque isso daqui é mais casa para as pessoas, isso é asfalto, é calçada, é água, é esgoto. Isso aqui é a segurança da população, que em Rio Branco muita gente está sentindo insegura. O centro aqui melhorou demais com as câmeras que a gente colocou.”

Caso o projeto não seja aprovado, o prefeito disse que vai continuar investindo, porém, pediu que os vereadores da base conversem e pressionem para que os valores sejam aprovados.

“Nós precisamos, não sou eu não, é a população. Se não for aprovado a gente vai continuar trabalhando e fazendo o mais grande do que a gente tem. Agora, você imagina se a gente consegue botar mais um recurso desse para poder aumentar o número de obras? É mais emprego, mais qualidade de vida para a nossa população. Eu peço que os nossos queridos vereadores, por favor, nos ajude, votando”, disse.

Por conta do impasse com os vereadores, o prefeito também disse que o número de parlamentares que fazem parte da base de apoio à gestão poderá ser revisto.

Segundo o prefeito, o projeto vai voltar para a Câmara de Rio Branco novamente nesta quarta com o mesmo pedido de urgência. “A gente vai perder esse monte de recursos, que geraria muito emprego, melhoraria a vida de muita gente”, finalizou.

Entenda os projetos:

Quais são os pedidos?

São R$ 300 milhões solicitados junto ao Banco do Brasil;
e outros R$ 40 milhões que devem ser viabilizados pela Caixa Econômica Federal.

Onde o dinheiro seria aplicado?

Dos R$ 300 milhões solicitados ao Banco do Brasil, R$ 150 milhões serão para o programa de pavimentação das ruas da capital, que somados a mais R$ 50 milhões em recursos próprios, deve garantir R$ 200 milhões só para esta ação;
Outros R$ 120 milhões são para melhorias no sistema de água e esgoto da cidade;
R$ 30 milhões para a ampliação do programa de monitoramento e vigilância, Rio Branco Mais Segura;
Já os R$ 40 milhões solicitados à Caixa devem ser utilizados para as obras de infraestrutura do programa municipal de casas populares, 1.001 dignidades.

Quando o empréstimo deve ser pago?

Depois de quatro anos, ou seja, em outras gestões com juros de 5,5%.

Fonte: G1