Levantamento também aponta piora em percepção dos entrevistados sobre economia, e avaliação dividida sobre ajuda federal durante enchentes na região Sul

Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira aponta queda de quatro pontos na avaliação do governo Lula (PT), em comparação com o levantamento realizado há dois meses, e ressalvas à postura do Brasil na guerra entre Israel e Hamas. Segundo o levantamento, 38% avaliam o governo positivamente -- ante 42% em agosto --, enquanto as avaliações negativas subiram de 24% para 29% no mesmo intervalo. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

A pesquisa aponta ainda que 29% dos entrevistados consideram o governo regular, enquanto 4% não souberam ou não quiseram responder.

Avaliação geral do governo Lula (%)

AvaliaçãoAgosto/2023Outubro/2023
Positivo4238
Regular2929
Negativo2429
Não sabe/Não respondeu54
De acordo com o instituto, o maior recuo na aprovação do governo ocorreu na região Nordeste, onde 48% dos entrevistados afirmam aprovar o trabalho de Lula -- eram 56% em agosto.

Já o maior salto de avaliações negativas apareceu entre eleitores que declararam voto no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), grupo em que Lula vinha conseguindo mitigar sua reprovação nos últimos meses, segundo a Quaest. Na pesquisa deste mês, 60% dos eleitores bolsonaristas de 2022 classificaram o governo como negativo, mesmo patamar registrado em abril. Desde então, a reprovação de Lula neste eleitorado havia caído para 55% em junho, e depois para 51% em agosto.

Guerra no Oriente Médio

O levantamento da Quaest também indicou que a guerra entre Israel e o Hamas, deflagrada no início deste mês, foi um dos assuntos que mais captou a atenção dos entrevistados no período recente: 90% afirmaram ter ficado sabendo sobre o conflito, percentual superior ao dos que disseram saber, por exemplo, sobre o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalização do aborto (62%) ou sobre a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid (55%).

Segundo a pesquisa, mais de sete em cada dez entrevistados aprovaram as medidas tomadas pelo governo Lula para o resgate de brasileiros em Israel e na Faixa de Gaza. A postura de Lula diante do conflito, contudo, teve avaliação mais dividida: 35% consideraram positiva, e 23%, negativa. Outros 31% consideraram regular a atuação do presidente.

Para 57% dos entrevistados, o governo brasileiro está errado em não classificar o Hamas como terrorista. Uma minuta de resolução apresentada pelo Brasil ao Conselho de Segurança da ONU classifica o "ataque" do Hamas a Israel como terrorista, mas sem avançar sobre o grupo. A postura do Brasil é justificada pela falta de uma resolução conjunta na ONU sobre o tema; os Estados Unidos e a União Europeia, por outro lado, consideram o Hamas terrorista mesmo sem esta resolução.

O Brasil está certo em não classificar o Hamas como terrorista? (%)

Sim26
Não57
Não sabe/Não respondeu17
Percepção sobre enchentes e economia

Outro tema que captou atenção dos entrevistados, segundo a pesquisa, as enchentes na região Sul despertaram avaliações divididas sobre a atuação do governo federal. Para 43% dos entrevistados, o governo forneceu ajuda "no tempo certo" às áreas atingidas; outros 42% consideraram que houve demora na ajuda.

As percepções são inversamente proporcionais entre eleitores de Lula e de Bolsonaro, em um retrato da resiliência da polarização eleitoral de 2022. No grupo de entrevistados que disse ter votado em Lula, 67% consideram que a ajuda do governo veio no tempo certo, enquanto 21% avaliam que houve demora. Entre os eleitores bolsonaristas, 22% disseram que a ajuda ocorreu no tempo certo, e 62% responderam que houve demora.

Cenário semelhante aparece na percepção sobre a economia, embora o percentual dos que consideram que houve piora nos últimos 12 meses tenha aumentado de forma geral. Segundo a pesquisa, 32% avaliam que a economia brasileira piorou no período, um salto de nove pontos em relação ao percentual medido em agosto. Já o índice dos que consideram que a economia melhorou se manteve estável, em 33%.

Entre eleitores lulistas, 57% consideram que a economia melhorou, percentual similar ao de agosto, e 12% avaliam que piorou -- uma variação de quatro pontos no período. Entre os bolsonaristas, 56% avaliam hoje que a economia piorou, enquanto 10% dizem que melhorou.

A Quaest fez 2 mil entrevistas presenciais entre os dias 19 e 22 de outubro, com brasileiros de 16 anos ou mais em todos os estados do país. A margem de erro é de 2,2 pontos.


Fonte: O GLOBO