Ele estava a 300 metros de casa quando foi assassinado, dirigia com vidros abertos; polícia não descarta linhas de investigação

O juiz de direito Paulo Torres Pereira da Silva, de 69 anos, foi morto a tiros dentro do próprio carro, em Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife (PE). Segundo a polícia, ele estava a 300 metros de casa quando foi assassinado, dirigia com vidros abertos e seu carro não era blindado. Apenas um disparo foi identificado no corpo da vítima.

O que se sabe sobre o crime?

Paulo, que atuava na 21ª Vara Cível da Capital, vivia com mulher e filhos no Bairro Barra de Jangada. Quando os agentes chegaram ao local do crime, o carro de Paulo estava colidido com um muro. Não se sabe, ainda, se a colisão aconteceu antes ou depois do disparo que o matou. A Polícia Civil já coletou imagens de câmeras de segurança da região, para identificar a ação dos criminosos e possíveis rotas de fuga.

A delegada também salienta que nenhum bem material do juiz foi subtraído. Segundo Euricélia, os agentes encontraram o celular, uma toalha e uma garrafa de água no carro. De acordo com familiares, os itens eram exatamente os que ele costumava levar quando saía para praticar exercícios na Praia do Paiva. Até então, a polícia acredita que ele estaria voltando da orla quando foi surpreendido pelos criminosos. Todas as linhas de investigações são consideradas.

Paulo, que era juiz há 34 anos, chegou a atuar como desembargador substituto algumas vezes durante a carreira na magistratura, e vivia com mulher e filhos em uma casa no Bairro Barra de Jangada.

Juiz foi morto a tiros em Jaboatão dos Guararapes (PE) — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Como aconteceu?

O assassinato aconteceu na Rua Maria Digna Gameiro. Paulo estava em seu carro, um Honda WR-V, quando, em torno das 20h, criminosos em outro veículo teriam emparelhado e efetuado vários disparos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi até o local, mas já encontrou o juiz sem vida. A Polícia Militar foi acionada às 20h30.

Quem era o juiz assassinado a tiros?

Conhecido como Paulão, o juiz era muito querido por todos que fazem o Poder Judiciário pernambucano. Ele tinha 69 anos de idade, era casado e pai de três filhos. Paulo Torres era juiz do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) há quase 34 anos, atuando, em várias oportunidades, como desembargador substituto.

A trajetória da vítima na magistratura pernambucana começou no dia 25 de abril de 1989. Em 1991, Paulo Torres assumiu a 2ª Vara da Comarca de Salgueiro. A partir daí, também atuou como juiz das Comarcas de Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco e Escada. Em 1993, o magistrado atuou na Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Em seguida, atuou na Comarca do Cabo de Santo Agostinho.

A chegada à Comarca da Capital aconteceu em 1994. No Recife, Paulo foi juiz na 8ª Vara Cível, na 1ª Vara da Fazenda Municipal e no I Juizado Especial de Pequenas Causas do bairro do Rosarinho.

Em nota, o TJPE lamentou a morte de Paulo, e afirmou estar em contato com autoridades policiais para prestar apoio necessário. O Tribunal de Justiça também decretou luto oficial de três dias e bandeira a meio-mastro por igual período em virtude da perda do juiz, que atuava desde 2012 na 21ª Vara Cível da Capital. O órgão diz contribuir para “o rápido esclarecimento do crime e a responsabilização dos culpados”.

'Assassinato covarde'

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, se manifestou sobre a morte do juiz, crime que considera ser um “assassinato covarde”. Barroso disse, ainda, que, ao saber do crime, entrou em contato com o presidente do TJPE, Luiz Carlos de Barros Figueirêdo.

“Tomei conhecimento do assassinato covarde do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, que atua na primeira instância no Recife (PE). Conversei com o presidente do Tribunal de Justiça do estado, que está em contato com as autoridades locais para apuração célere do episódio e a devida punição dos envolvidos. O Conselho Nacional de Justiça acompanhará os desdobramentos para garantir que a Justiça seja feita. Em nome do Poder Judiciário, presto solidariedade à família e aos amigos”, escreveu Barroso.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) publicou, em nota, que “está se comunicando com as autoridades competentes para contribuir com o esclarecimento do crime e responsabilização dos autores”.

O caso é investigado pela Polícia Civil de Pernambuco, que ainda não divulgou atualizações após as primeiras diligências.


Fonte: O GLOBO