Caso ocorreu em 2020 e seis jovens estão em julgamento, no tribunal de menores de Paris
Seis adolescentes foram a julgamento em Paris nesta segunda-feira pelo envolvimento na decapitação do professor Samuel Paty, em 2020. O professor de história e geografia de 47 anos foi esfaqueado e decapitado perto da escola em que lecionava, em Conflans-Sainte-Honorine, nos arredores de Paris.
No primeiro dia de julgamento, os suspeitos, que tinham entre 13 e 15 anos no ano do ocorrido, cobriam os rostos para disfarçar as identidades, antes de entrar no tribunal de menores. Apenas pessoas diretamente afetadas pelo caso podem comparecer à audiência. Membros da família de Paty foram admitidos na sala do tribunal, assim como cerca de dez colegas professores.
O caso
O professor de história e geografia Samuel Paty foi morto em 16 de outubro de 2020, nos subúrbios de Paris, por um jovem de 18 anos. O agressor, Abdoullakh Anzorov, era um refugiado checheno e foi morto a tiros pela polícia.
O nome de Paty foi divulgado nas redes sociais após um debate em sala de aula sobre liberdade de expressão, durante o qual ele exibiu caricaturas publicadas pelo jornal satírico Charlie Hebdo. Quando a revista usou as imagens pela primeira vez em 2015, extremistas islâmicos invadiram o escritório e mataram 12 pessoas.
O assassinato ocorreu poucas semanas depois que o Charlie Hebdo republicou as caricaturas. Depois de mensagens se espalharem nas redes sociais sobre o professor ter mostrado caricaturas do profeta Maomé para a classe, o jovem islamista radicalizado assassinou Paty. A revista fazia parte de uma aula de ética, em que discutia as leis de liberdade de expressão na França.
Papel dos menores
Cinco dos adolescentes julgados, que tinham 14 ou 15 anos na época do assassinato de Paty, enfrentam acusações de conspiração criminal com o objetivo de causar violência. Eles são acusados de terem ficado de olho em Paty e de tê-lo identificado para o assassino em troca de dinheiro.
Uma sexta adolescente, que tinha 13 anos na época, é acusada de fazer falsas alegações por dizer erroneamente que o professor de história havia pedido aos alunos muçulmanos que se identificassem e saíssem da sala antes de mostrar as caricaturas. Ela não estava presente na sala de aula.
O advogado da família Paty, Louis Cailliez, espera que a equipe de defesa dos réus explique as suas ações como "erros da juventude". Mas, segundo ele, o julgamento precisa elucidar "as verdadeiras razões pelas quais esses alunos cometeram o imperdoável".
— Ele está consumido pelo remorso, aterrorizado, muito preocupado em enfrentar a família de Samuel Paty — disse Antoine Ory, um dos advogados dos réus.
Agora, os adolescentes cursam o ensino médio e podem ser condenados a dois anos e meio de prisão. O julgamento está previsto para durar até o dia 8 de dezembro.
Outros oito adultos serão enviados a julgamento, que está previsto para o fim de 2024. Entre eles, estão o pai da adolescente acusada de falsas alegações, que na época havia postado vídeos nas redes sociais convocando a mobilização contra o professor.
Fonte: O GLOBO
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