Perguntas são desenvolvidas e revisadas por professores escolhidos através de chamada pública e depois aplicadas a alunos de forma sigilosa
Mais importante prova de seleção para ingresso em universidades do país, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) envolve um longo e sigiloso processo de elaboração das questões. O passo a passo até uma pergunta ser incluída em uma das versões da avaliação passa pelas sugestões de professores selecionados, revisão de especialistas em cada área de conhecimento e um pré-teste com estudantes (que em momento algum podem saber que estão respondendo a um possível item do exame).
O Enem é composto por uma prova de redação e quatro provas com 45 questões objetivas sobre linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza. Essas perguntas são elaboradas e revisadas por professores escolhidos por meio de chamada pública do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que também alinha os critérios a serem seguidos.
Cada um dos colaboradores selecionados contribui com duas ou três questões, embaralhadas e enviadas para revisores técnico-pedagógicos que avaliam se os parâmetros foram atendidos. Após a formulação e revisão, os itens passam por uma nova validação, feita por professores especialistas na área de conhecimento, para então serem pre-testados em escolas de ensino médio, mas sem que os alunos saibam que estão respondendo a uma potencial questão do Enem.
Os pré-testes são aplicados a estudantes com perfil semelhante aos que costumam realizar o Enem, em um processo sigiloso em que eles não sabem que estão respondendo a possíveis questões da avaliação.
Com base nos pré-testes é que se faz a chamada "calibragem" dos itens, estipulando o nível de dificuldade deles, qual será o peso de cada um na prova, entre outros parâmetros metodológicos. Dessa forma, é possível ao Inep usar a chamada Teoria de Resposta ao Item (TRI) — método pelo qual é possível comparar provas de edições diferentes.
A partir do feedback recebido dos especialistas, o Inep descarta as perguntas que apresentam problemas, e as aprovadas são armazenadas em um banco de dados, o Banco Nacional de Itens (BNI). Como a cada ano o número de questões elaboradas é superior ao de questões do Enem, os itens podem permanecer no banco por vários anos sem serem utilizados.
Controvérsias
Ao longo do governo de Jair Bolsonaro, a elaboração das questões do Enem se tornou alvo de controvérsias. Em 2021, por exemplo, uma crise envolvendo suspeitas de interferência no conteúdo e assédio moral a integrantes do Inep às vésperas da aplicação do exame. Na época, 37 servidores do órgão pediram demissão de seus cargos de coordenação.
Já na edição seguinte, em 2022, o Inep precisou reciclar itens elaborados em outros anos para garantir uma prova sem perguntas versões passadas do exame. A reciclagem ocorreu porque o governo deixou de abastecer por dois anos o BNI, que guarda as questões prontas para serem utilizadas, gerando escassez no número de itens disponíveis para compor a avaliação.
Uma chamada para a seleção e credenciamento de elaboradores e revisores de questões do Enem foi finalizada pelo governo em 2021, sem tempo hábil para que o BNI fosse alimentado para a edição de 2022. Antes disso, o último pré-teste de questões havia acontecido em 2019, no primeiro ano do governo de Bolsonaro.
Em entrevista na terça-feira, o presidente do Inep, Manuel Palácios, afirmou que os trabalhos para a elaboração do Enem de 2023 foram conduzidos “com total autonomia” pelas equipes, “sem nenhum tipo de intervenção de qualquer natureza”.
— Não houve nenhuma participação de instâncias de gestão do Inep. Garanto que não vi nenhum item da prova. Todos os critérios de qualidade foram seguidos, toda a validação de itens e teste foi realizada pelas equipes e não há qualquer dúvida que os estudantes farão uma boa prova — declarou Palácios.
PASSO A PASSO DAS PERGUNTAS DO ENEM
Questões passam por procedimentos sigilosos de elaboração e revisão antes de serem apresentadas a candidatos
Seleção de professores: Inep abre chamada pública para contratar profissionais que vão sugerir questões a serem usadas na prova
Capacitação: Equipes das quatro áreas de conhecimento avaliadas pelo Enem capacitam os professores selecionados conforme os parâmetros do Inep
Elaboração e revisão: Os itens são elaborados e revisados pelos colaboradores. Cada professor formula três questões
Segunda revisão e validação: Especialistas das áreas de conhecimento chancelam ou não as modificações feitas durante o processo de elaboração
Teste: Os itens elaborados passam por uma pré-testagem, aplicada de forma sigilosa em escolas a estudantes com perfil semelhante ao do público-alvo do Enem
Análise psicométrica: A partir das respostas, são feitas as análises psicométricas e pedagógicas, ou seja, uma calibragem das perguntas. As que atenderem a todos os critérios são armazenados no Banco Nacional de Itens (BNI), e as demais são descartadas ou enviadas para melhorias
Escolha de questões: Finalmente, são selecionados os itens que irão compor a prova do Enem. O processo é feito no final do primeiro semestre do ano por especialistas do Inep em um espaço de segurança máxima dentro da sede da autarquia, em Brasília.
Fonte: O GLOBO
Já na edição seguinte, em 2022, o Inep precisou reciclar itens elaborados em outros anos para garantir uma prova sem perguntas versões passadas do exame. A reciclagem ocorreu porque o governo deixou de abastecer por dois anos o BNI, que guarda as questões prontas para serem utilizadas, gerando escassez no número de itens disponíveis para compor a avaliação.
Uma chamada para a seleção e credenciamento de elaboradores e revisores de questões do Enem foi finalizada pelo governo em 2021, sem tempo hábil para que o BNI fosse alimentado para a edição de 2022. Antes disso, o último pré-teste de questões havia acontecido em 2019, no primeiro ano do governo de Bolsonaro.
Em entrevista na terça-feira, o presidente do Inep, Manuel Palácios, afirmou que os trabalhos para a elaboração do Enem de 2023 foram conduzidos “com total autonomia” pelas equipes, “sem nenhum tipo de intervenção de qualquer natureza”.
— Não houve nenhuma participação de instâncias de gestão do Inep. Garanto que não vi nenhum item da prova. Todos os critérios de qualidade foram seguidos, toda a validação de itens e teste foi realizada pelas equipes e não há qualquer dúvida que os estudantes farão uma boa prova — declarou Palácios.
PASSO A PASSO DAS PERGUNTAS DO ENEM
Questões passam por procedimentos sigilosos de elaboração e revisão antes de serem apresentadas a candidatos
Seleção de professores: Inep abre chamada pública para contratar profissionais que vão sugerir questões a serem usadas na prova
Capacitação: Equipes das quatro áreas de conhecimento avaliadas pelo Enem capacitam os professores selecionados conforme os parâmetros do Inep
Elaboração e revisão: Os itens são elaborados e revisados pelos colaboradores. Cada professor formula três questões
Segunda revisão e validação: Especialistas das áreas de conhecimento chancelam ou não as modificações feitas durante o processo de elaboração
Teste: Os itens elaborados passam por uma pré-testagem, aplicada de forma sigilosa em escolas a estudantes com perfil semelhante ao do público-alvo do Enem
Análise psicométrica: A partir das respostas, são feitas as análises psicométricas e pedagógicas, ou seja, uma calibragem das perguntas. As que atenderem a todos os critérios são armazenados no Banco Nacional de Itens (BNI), e as demais são descartadas ou enviadas para melhorias
Escolha de questões: Finalmente, são selecionados os itens que irão compor a prova do Enem. O processo é feito no final do primeiro semestre do ano por especialistas do Inep em um espaço de segurança máxima dentro da sede da autarquia, em Brasília.
Fonte: O GLOBO
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