Catar mediou um acordo entre autoridades egípcias, israelenses e extremistas do Hamas, em coordenação com os EUA

Um grupo com dezenas de estrangeiros deixou a Faixa de Gaza e atravessou para o Egito nesta quarta-feira. Os civis seguiram o caminho por meio da passagem de Rafah, que foi aberta ao trânsito de pessoas pela primeira vez desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. A informação foi confirmada por repórteres da AFP no local, que também registraram o momento.

As autoridades egípcias confirmaram que ambulâncias com pessoas feridas cruzaram a fronteira. Após terem anunciado a abertura excepcional da passagem para evacuar cerca de 90 feridos e 450 estrangeiros, um primeiro grupo atravessou o posto, que já havia sido utilizado outras vezes para o envio de ajuda humanitária.

Brasileiros não estão na lista

O embaixador Alessandro Candeas, chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, havia confirmado que um grupo de estrangeiros seria autorizado a deixar a Faixa de Gaza e cruzar a fronteira pela primeira vez nesta quarta-feira. A lista, porém, não inclui brasileiros, que aguardam desde o início da guerra pela passagem para o território egípcio antes de serem resgatadas.

Segundo Candeas, desta vez, cidadãos australianos, austríacos, búlgaros, finlandeses, indonésios, jordanianos, japoneses e tchecos poderão passar pelo controle de Rafah, além de pessoas ligadas à Cruz Vermelha e outras ONGs. Em nota, o embaixador disse acreditar que "em breve novas listas serão publicadas", e esperar que "nossos brasileiros estejam nelas".

Catar mediou o acordo

Mais cedo, o jornal "The Guardian" havia noticiado que a travessia de Rafah, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, seria aberta nesta quarta-feira para a fuga de pessoas do território em conflito. O diário relata que o Catar mediou um acordo entre Egito, Hamas e Israel, em coordenação com os EUA. Serão beneficiados pelo acordo, segundo o site, cidadãos com passaportes estrangeiros e civis gravemente feridos.

A emissora australiana ABC News informou que funcionários consulares australianos enviaram e-mails aos cidadãos em Gaza, aconselhando-os a viajar para Rafah em meio a relatos de que a travessia poderia ser aberta em breve, para permitir a entrada de estrangeiros no Egito.

Sem internet

Nesta quarta-feira, as conexões de internet e telefone foram cortadas na Faixa de Gaza, segundo divulgou a Paltel, operadora de telecomunicações palestina. "Ao nosso bom povo do querido país, lamentamos anunciar a interrupção total das comunicações e dos serviços de internet em Gaza", afirmou a empresa de telecomunicações na rede social X (antigo Twitter).

A rede de internet e telefonia naquele território ficou cortada na semana passada, mas foi restabelecida no fim de semana. O governo local do Hamas acusou, então, Israel de causar o corte para "perpetrar massacres" na Faixa de Gaza. O provedor de telecomunicações palestino Jawwal atribuiu a queda ao "intenso bombardeio" de Israel no território.

Gaza é palco de bombardeios e combates terrestres entre tropas israelenses e militantes do movimento palestino, que lançou um ataque contra o Estado judeu em 7 de outubro, deixando mais de 1.400 mortos, segundo as autoridades israelenses. O governo do Hamas em Gaza afirma que mais de 8.500 pessoas, a maioria civis, morreram no território devido aos bombardeios israelenses.


Fonte: O GLOBO