Comporta do Rio Guaíba (RS) se rompe e bairros de distrito de Porto Alegre amanhecem inundados
Os temporais que afetam o Rio Grande do Sul levaram mais de 17 mil gaúchos a terem que deixar suas casas desde a última quarta-feira, de acordo com o balanço mais recente da Defesa Civil do estado, divulgado na noite de segunda-feira. Na madrugada desta terça-feira, Porto Alegre viveu a maio enchente dos últimos 60 anos, quando uma comporta do Rio Guaíba (RS) se rompeu e inundou dezenas de quarteirões do Quarto Distrito, na capital do estado.
De acordo com a Defesa Civil gaúcha, 13,2 mil moradores estão desalojados e outros 3,7 mil desabrigados em 158 dos 497 municípios do estado no segundo evento extremo no estado em três meses. Ainda foram registrados vendavais, enxurradas, inundações, soterramentos e uma microexplosão após intensa corrente de vento como consequência das chuvas que já mataram quatro pessoas e deixaram outras 63 feridas.
Entre as vítimas, estão duas mulheres que morreram soterradas depois de desmoronamento da casa em que moravam, em Gramado; uma mulher atingida por desabamento de estrutura de um ginásio em Giruá; e um homem que foi arrastado pela correnteza dentro de seu carro, em Vila Flores.
Apenas nesta segunda-feira, o número de pessoas atingidas pelos temporais subiu de 194 mil para 227 mil. Também foram registrados 41 bloqueios totais ou parciais nas rodovias estaduais devido a erosões no asfalto, deslizamentos de terra e inundações.
Enchente do Guaíba
Entre a noite de segunda-feira e a madrugada de terça-feira, o sistema de contenção das cheias do Rio Guaíba (RS) falhou e o Quarto Distrito de Porto Alegre, que reúne cinco bairros da capital, foi inundado na maior enchente registrada desde 1967, antes da construção das comportas. A estrutura cedeu com a pressão da água na comporta de número 13, localizada no antigo acesso de trilhos para o Porto de Porto Alegre, de acordo com o jornal GZH.
Segundo o instituto de meteorologia MetSul, as águas tomavam dezenas de quarteirões no distrito, em especial perto das ruas São Pedro e Voluntários da Pátria. O rio chegou a vias como Cairu e Brasil, que não costumam inundar em cheias do Guaíba. O nível do rio amanheceu nesta terça-feira em 3,44 metros, com tendência de alta, conforme registro às 8h. O nível de transbordamento é de 3 metros.
Os alagamentos levaram a fechamento de vias e alteração no trajeto de linhas de ônibus na capital gaúcha. Há ainda registro de semáforos fora de funcionamento na cidade, de acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação local. A empresa de trens que opera no estado também anunciou a interrupção de operações em pontos atingidos pelas chuvas.
Auxílio a municípios
Os estragos causados na última semana levaram o governador Eduardo Leite (PSDB) a sobrevoar e visitar as áreas atingidas para avaliar os impactos e mobilizar agentes estaduais no trabalho de amparo às vítimas e na reconstrução de cidades afetadas pelas chuvas que já deixaram quatro mortos e 63 feridos.
Na tarde desta segunda-feira, Leite se reuniu com prefeitos e lideranças das cidades de São Sebastião do Caí, Santa Tereza, Roca Sales, Muçum e Encantado, nas regiões dos Vales do Taquari e Caí e da Serra Gaúcha, que estão entre as mais atingidas pelos temporais.
Na ocasião, o governador afirmou que serão disponibilizados R$ 400 mil para os municípios em situação de emergência e R$ 600 mil para aqueles em situação de calamidade pública em transferências do Fundo Estadual de Defesa Civil do estado, para auxiliar regiões afetadas por desastres naturais. Os recursos devem contemplar ações emergenciais, como restabelecimento, limpeza e reconstrução das cidades atingidas.
— É difícil ter palavra de conforto diante desse segundo abalo, mas estaremos juntos fazendo o nosso melhor para a recuperação das nossas comunidades. Somos seres humanos e, portanto, haverá momento de choro e desesperança. Mas terá de ser muito breve, para somarmos forças pela reconstrução — afirmou Leite. — O governo vai estar inteiramente à disposição para auxiliar em tudo que for possível.
Fonte: O GLOBO
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