Duas situações preocupantes para o governo foram citadas em encontro com líderes

Após derrota na indicação do defensor-geral da União e sucessivos episódios de fragilidade da base no Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou contrariedade a líderes de partidos aliados. Em reunião na noite de segunda-feira, Lula não chegou a fazer cobranças explícitas sobre falta de apoio, mas deixou clara a insatisfação.

Durante o encontro de quase duas horas no Palácio do Planalto, o ambiente ficou especialmente pesado, segundo parlamentares, quando foram mencionadas votações em que o governo sofreu revés ou obteve um placar apertado.

Em reunião marcada para encaminhar a votação da reforma tributária, duas situações preocupantes para o governo foram citadas. Uma delas foi a análise do projeto de lei que muda as regras do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscal), aprovado por 34 a 27 votos. E a outra a rejeição de Igor Roque para comandar a Defensoria Pública da União (DPU), por 38 votos contrários e 35 favoráveis.

De acordo com parlamentares, o presidente está preocupado com o desempenho do governo no Senado, onde o Executivo passou a acumular episódios de dificuldades.

Lula resolveu entrar em campo às vésperas da votação da reforma tributária, considerada prioridade. Tentou alinhar a base para a votação, indicando que é preciso mais empenho. A reforma é uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e precisa de 49 votos em dois turnos para ser aprovada no plenário.

Lula falou também sobre os vetos ao marco temporal para a demarcação de terras indígenas, que devem ser votados pelo Congresso ainda esta semana. Segundo um senador, o presidente disse que era "seu direito vetar e era direito do parlamento derrubar o veto", se a maioria assim quiser.

Além da reforma e dos vetos, Lula precisa ajustar o caminho para a aprovação dos nomes indicados à diretoria do Banco Central.

Após a reunião, o líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA), disse que Executivo já tem os votos para aprovar a reforma no plenário do Senado — na terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deu aval ao texto.

Uma das concessões feitas a partidos de oposição foi incluir na pauta, na sessão de quinta-feira do Congresso Nacional, o veto ao marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Isso foi feito para impedir a obstrução do grupo.

Antes de se reunir com os senadores da base, Lula se encontrou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no feriado.

Na reunião os dois discutiram pautas econômicas. Falaram também sobre a necessidade de o Congresso estar alinhado para assegurar projetos para a alavancar a economia do país, principalmente a reforma tributária e vetos que devem ser analisados pelo parlamento, como os ao arcabouço fiscal.

Após o encontro, Lula publicou uma foto do encontro com Pacheco no qual o parabeniza pelo seu aniversário, comemorado nesta sexta-feira. O presidente disse ter presenteado o senador com uma fotografia da Praça dos Três Poderes.


Fonte: O GLOBO