Manancial baixou 36 centímetros em dois dias em Rio Branco, segundo dados da Defesa Civil Municipal. Esperado para novembro é de 207,1 milímetros de chuva e até essa segunda (13) só choveu 29,4 mm.

As águas do Rio Acre continuam em baixa e o nível marcou 1,55 metro nesta terça-feira (14) em Rio Branco. Segundo a Defesa Civil Municipal, essa é a pior cota dos últimos 9 anos para o dia 14 de novembro.

O manancial baixou 36 centímetros em dois dias em Rio Branco, de acordo com relatório da Defesa Civil. O nível desta terça está a 30 centímetros da menor cota histórica, registrada em 2 de outubro de 2022, que foi de 1,25 metro. Na semana passada, o rio chegou a ficar três dias acima de 2 metros, mas o cenário mudou ainda na sexta-feira (10).

Conforme os dados, no ano passado, no dia 14 de novembro, o manancial estava com 2,23 metros. Desde 2020, o nível do rio já vem apresentando sinais de piora no mês de novembro.

Confira:

2015 – 4,99 metros
2016 – 2,98 metros
2017 – 3,62 metros
2018 – 3,58 metros
2019 – 5,94 metros
2020 – 1,70 metro
2021 – 1,70 metro
2022 – 2,23 metros
2023 – 1,55 metro

“Nos últimos quatro anos, incluindo agora 2023, ficou abaixo de dois metros nessa data. Isso significa que já vem dando sinais de que o rio está cada vez mais com nível baixo quando chega na época de estiagem. Da mesma maneira, nós vamos observar que a seca se prolongou nesses últimos anos. Normalmente, as chuvas começavam pela segunda quinzena de outubro, e agora ela só começa de novembro para frente, no caso, este ano, vai ser em dezembro.

Infelizmente é uma realidade que nós chegamos com essas emergências climáticas e isso faz com que nós, cada dia mais, tenhamos que aperfeiçoar a questão do socorro e da resposta, dos pontos de contingência e ações preventivas para poder prevenir o que pode acontecer no futuro”, afirmou o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel Cláudio Falcão.

O coordenador informou que para o mês de novembro são esperados cerca de 207,1 milímetros de chuva e até essa segunda (13) só choveu 29,4 mm. Em outubro eram esperados 150,1 mm e, conforme os dados, choveu um acumulado de 135mm.

‘Verão amazônico’ prolongado

A ausência de chuvas nos últimos meses tem resultado em temperaturas elevadas no Acre e em várias região da Amazônia. Acontece que desde a segunda quinzena de outubro, já era esperada uma melhora nesse cenário, com a chegada do chamado ‘inverno amazônico’. Mas, como explica o meteorologista Alejandro Fonseca, esse período está atrasado e não há previsão de melhora.

O cenário atípico também reflete no Rio Acre, que vive uma seca extrema há meses.

O calor intenso também se deve ao aquecimento das águas do Oceano Pacífico, com o fenômeno conhecido como El Niño, que gera ondas de calor extremo e diminuição da umidade relativa do ar. Assim, a incidência de chuva se torna menor na região Sudeste e se concentra no Sul do Brasil.

“Nós estamos em um período de seca que se estendeu praticamente desde maio até este momento. Em outubro, choveu muito abaixo da média e este mês de novembro ainda não está chovendo bem. Então, as temperaturas altas se devem também à falta de chuva nessas regiões.

Aqui, as temperaturas são normalmente altas nos meses de agosto, setembro, até outubro, como característica do clima, mas está se estendendo um pouco mais, precisamente, porque temos falta de chuvas. Estamos tendo essa irregularidade no comportamento da chuva, uma vez que já deveria estar estabelecido o inverno amazônico desde outubro e isso não está acontecendo. Está atrasado”, afirmou o pesquisador.

Essas situações, segundo o meteorologista, já podem ser associadas a manifestações de mudanças climáticas.

As altas temperaturas ocasionaram a morte de centenas de frangos de uma criação no Complexo Agroindustrial de Brasiléia, no interior do Acre, onde funciona o frigorífico Acre Aves Alimentos.

Situação de emergência

Após o pedido de ajuda ao governo federal, o secretário nacional de proteção e Defesa Civil, Wolnei Barreiros , reconheceu a situação de emergência nos 22 municípios do Acre devido à seca extrema. A portaria nº 3.173 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Em um vídeo compartilhado em suas redes sociais, o governador Gladson Cameli expressou a necessidade de ampliar os serviços de assistência destinados às famílias impactadas por esse cenário.

O documento, assinado pelo governo do estado, Gladson Cameli, alega que o volume de chuvas no primeiro semestre do ano foi inferior à média.

O decreto, que tem 90 dias de vigência, não fala em dados ou números relacionados às medidas, mas ressalta ainda que há risco de aldeias indígenas ficarem isoladas devido à falta de navegabilidade dos rios, ocasionando diversos problemas de abastecimento de alimentos e outros insumos a essas comunidades.

Fonte: G1