Se o futebol permitir o encontro entre Fluminense x Manchester City, o treinador tricolor enfrentará um homem que revolucionou o jogo com seu jeito autoral
A globalização fez das ideias e modelos de jogo praticados na Europa fórmulas replicadas mundo afora. O campeão da Libertadores conseguiu, através de seu jeito de jogar, percorrer o caminho inverso: o Fluminense de Diniz, dadas as suas peculiaridades e seu sucesso, tornou-se objeto de análise internacional.
Porque este Fluminense autoral é mais do que a antítese de um futebol que cada vez mais busca soluções diante da escassez dos espaços: modelos posicionais, simetrias, jogadores abrindo campo... Diniz não apenas contraria tais convenções, como leva a sua aposta a extremos. Quando o Fluminense abre o placar contra o Boca Juniors, os dois laterais, os dois pontas e dois dos três meias estão do lado direito do campo.
Diniz não se importa em acumular jogadores, em fazer que seu time percorra caminhos já congestionados por um mar de pernas. Aposta que das associações entre jogadores surgirão as soluções, os espaços.
Diniz venceu encorajando cada um a jogar, mesmo os que, a vida toda, foram aconselhados a “simplificar”. Num jogo cada vez mais físico, ganhou a Libertadores com sete jogadores de 33 anos ou mais — ainda que em alguns momentos isso tenha feito o time sentir. Enfrentou a cobrança de quem rompe convenções, porque para um treinador sem títulos as ousadias viram loucura. Agora, é dele a maior taça da América do Sul: ganha ao seu modo, em tempos difíceis para se nadar contra a corrente.
Em alguns dias, a euforia da Libertadores dará lugar à antecipação de um jogo que se tornou quase uma fantasia para os sul-americanos. Se o futebol permitir o encontro entre Fluminense x Manchester City, Diniz enfrentará um homem que revolucionou o jogo com seu jeito autoral, também fiel a suas convicções. Guardiola é com alguma sobra o melhor treinador do mundo, à frente do que é claramente o melhor time do mundo. No futebol global, ocupam patamares obviamente distintos de carreiras. Mas alguns traços de perfil os unem, como a disposição de romper com os conceitos vigentes.
Em dado momento, houve quem dissesse que ambos tinham ideias similares, uma simplificação baseada apenas no apreço pela posse de bola. Mas daí se passou a outro equívoco: dizer que ambos têm estilos opostos.
Imaginemos um ranking de treinadores que mais prezam a posse de bola: Diniz e Guardiola não estariam em extremos opostos, muito menos numa escala de técnicos que mais buscam controle dos jogos através desta posse. Numa lista dos treinadores que mais baseiam seus modelos de jogo a partir da ofensividade, tampouco estariam tão distantes. Se Diniz e Guardiola são opostos, onde entrariam Simeone e Mourinho nesta conversa?
O que não significa que são iguais. O que os difere é como cada um deles usa a posse, o controle e a forma de tentar chegar ao gol. Guardiola é obsessivo pelo espaço, ordena suas equipes a partir das zonas que cada jogador ocupa, fazendo a bola chegar até elas. Se possível, quer ver seus homens mais técnicos enfrentando um rival em setores mais isolados, mais esvaziados.
Diniz venceu encorajando cada um a jogar, mesmo os que, a vida toda, foram aconselhados a “simplificar”. Num jogo cada vez mais físico, ganhou a Libertadores com sete jogadores de 33 anos ou mais — ainda que em alguns momentos isso tenha feito o time sentir. Enfrentou a cobrança de quem rompe convenções, porque para um treinador sem títulos as ousadias viram loucura. Agora, é dele a maior taça da América do Sul: ganha ao seu modo, em tempos difíceis para se nadar contra a corrente.
Em alguns dias, a euforia da Libertadores dará lugar à antecipação de um jogo que se tornou quase uma fantasia para os sul-americanos. Se o futebol permitir o encontro entre Fluminense x Manchester City, Diniz enfrentará um homem que revolucionou o jogo com seu jeito autoral, também fiel a suas convicções. Guardiola é com alguma sobra o melhor treinador do mundo, à frente do que é claramente o melhor time do mundo. No futebol global, ocupam patamares obviamente distintos de carreiras. Mas alguns traços de perfil os unem, como a disposição de romper com os conceitos vigentes.
Em dado momento, houve quem dissesse que ambos tinham ideias similares, uma simplificação baseada apenas no apreço pela posse de bola. Mas daí se passou a outro equívoco: dizer que ambos têm estilos opostos.
Imaginemos um ranking de treinadores que mais prezam a posse de bola: Diniz e Guardiola não estariam em extremos opostos, muito menos numa escala de técnicos que mais buscam controle dos jogos através desta posse. Numa lista dos treinadores que mais baseiam seus modelos de jogo a partir da ofensividade, tampouco estariam tão distantes. Se Diniz e Guardiola são opostos, onde entrariam Simeone e Mourinho nesta conversa?
O que não significa que são iguais. O que os difere é como cada um deles usa a posse, o controle e a forma de tentar chegar ao gol. Guardiola é obsessivo pelo espaço, ordena suas equipes a partir das zonas que cada jogador ocupa, fazendo a bola chegar até elas. Se possível, quer ver seus homens mais técnicos enfrentando um rival em setores mais isolados, mais esvaziados.
Diniz organiza o ataque de seus times a partir da bola como elemento de atração, os jogadores vão até ela. O time progride em setores onde muitas pernas se acumulam. São duas filosofias distintas de como tratar bem a bola, de como fazer futebol em função do gol. Seria um encontro fascinante.
A disparidade financeira faz com que muito mais do que o Oceano Atlântico separe o melhor time da América e o melhor time da Europa. Mas o Mundial de Clubes não pretende apontar qual é o melhor time do mundo, e sim quem ficará com a taça. E num jogo único, sonhar será sempre permitido. Um sonho improvável, mas sempre possível.
Expectativa Moderada
Analisar as atuações do Flamengo no que resta de temporada impõe adequar as expectativas. Esperar um brilho proporcional às individualidades significa repetir as frustrações que marcaram o ano. Tite tem procurado fazer o Flamengo competir, o que muitas vezes significa não escalar, juntos, a melhor qualidade técnica. Contra o Fortaleza, o time fez um primeiro tempo organizado, antes de cair fisicamente. O placar foi melhor do que o desempenho.
Padrão Internacional
Muito se discute sobre fatores que distanciam o futebol brasileiro da elite europeia. Claro que é impossível equiparar a qualidade técnica num país que exporta jogadores às centenas. Mas se o tema for intensidade com e sem bola, movimentos coordenados, capacidade de atuar num bloco compacto e agredir por 90 minutos, é possível decretar: o que faz o Bragantino de Pedro Caixinha é algo totalmente alinhado com as grandes ligas do mundo.
O que importa
“Foi emocionante. Mas o verdadeiro problema não foi resolvido.” Sábias palavras de Jürgen Klopp, técnico do Liverpool. É fácil desumanizar o atleta, mas Luís Díaz acabara de fazer mais do que evitar uma derrota para o Luton no último minuto. Ele o fizera após oito dias de espera pela libertação do pai, sequestrado na Colômbia. Há coisas muito mais importantes do que o futebol, mas o jogo dera a Díaz instantes de refúgio em meio ao sofrimento.
Fonte: O GLOBO
A disparidade financeira faz com que muito mais do que o Oceano Atlântico separe o melhor time da América e o melhor time da Europa. Mas o Mundial de Clubes não pretende apontar qual é o melhor time do mundo, e sim quem ficará com a taça. E num jogo único, sonhar será sempre permitido. Um sonho improvável, mas sempre possível.
Expectativa Moderada
Analisar as atuações do Flamengo no que resta de temporada impõe adequar as expectativas. Esperar um brilho proporcional às individualidades significa repetir as frustrações que marcaram o ano. Tite tem procurado fazer o Flamengo competir, o que muitas vezes significa não escalar, juntos, a melhor qualidade técnica. Contra o Fortaleza, o time fez um primeiro tempo organizado, antes de cair fisicamente. O placar foi melhor do que o desempenho.
Padrão Internacional
Muito se discute sobre fatores que distanciam o futebol brasileiro da elite europeia. Claro que é impossível equiparar a qualidade técnica num país que exporta jogadores às centenas. Mas se o tema for intensidade com e sem bola, movimentos coordenados, capacidade de atuar num bloco compacto e agredir por 90 minutos, é possível decretar: o que faz o Bragantino de Pedro Caixinha é algo totalmente alinhado com as grandes ligas do mundo.
O que importa
“Foi emocionante. Mas o verdadeiro problema não foi resolvido.” Sábias palavras de Jürgen Klopp, técnico do Liverpool. É fácil desumanizar o atleta, mas Luís Díaz acabara de fazer mais do que evitar uma derrota para o Luton no último minuto. Ele o fizera após oito dias de espera pela libertação do pai, sequestrado na Colômbia. Há coisas muito mais importantes do que o futebol, mas o jogo dera a Díaz instantes de refúgio em meio ao sofrimento.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários