Movimento Educa2030 foi lançado nesta quarta-feira (29) em Genebra, na Suíça, com metas para as empresas capacitarem seus funcionários e conta com apoio também da Yudqs, empresa de educação

O Pacto Global da ONU no Brasil acaba de lançar um novo movimento para incentivar as empresas a investir em educação, com a Globo como embaixadora, ao lado da empresa de educação Yduqs. O chamado Educa2030 foi lançado em Genebra, na Suíça, durante o 12º Fórum de Empresas e Direitos Humanos, e contou com participação de Cristovam Ferrara, líder de Valor Social, a unidade de responsabilidade social da Globo, e Viridiana Bertolini, gerente de Valor Social. UNICEF e Ministério do Trabalho e Emprego estão entre os parceiros estratégicos, que fornecem suporte técnico ao projeto.

“Considero, verdadeiramente, o ODS [Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU] 4, de educação, a base da pirâmide. É por meio dela que podemos avançar com todos os outros ODSs, desigualdades, questão étnico-racial, água, reduzir o aquecimento global e outros”, comenta Ferrara. “A partir de agora vamos fazer um papel de evangelizador, convocando outras empresas a esse movimento, para que se juntem a nós nessa grande missão que é promover a educação no Brasil”.

O foco do Educa 2030 é aumentar a escolaridade dos funcionários no setor corporativo, levar mais jovens ao mercado de trabalho e aumentar a diversidade nas empresas, especialmente em áreas relacionadas a assuntos relacionado à Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Estas são as três principais metas que as companhias que aderirem ao movimento terão de perseguir.

Cristovam Ferrara, líder de Valor Social — Foto: Flávio Ferreira

Ferrara pontua ainda que a educação permite transformações profundas na sociedade e foi essa visão que levou a Globo a provocar o Pacto Global, no ano passado, para a criação de um movimento empresarial para promover a educação dos brasileiros.

Ferrara lembra que a Globo já vem, há alguns anos, priorizando a educação nos conteúdos dos canais da casa e falando da pauta social com intencionalidade. Cita como exemplos, os mais de 1.000 minutos que os programas jornalísticos da casa falaram sobre educação e o fato de o canal de TV ter três novelas com protagonistas negros pela primeira vez. “É um caminho longo. Nos orgulhamos do que fizemos, mas satisfeitos jamais”, reitera Ferrara.

Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, comenta que “a educação sempre foi um valor fundamental” para a empresa e para a família fundadora. “Já desenvolvemos inúmeras iniciativas de educação, como o Telecurso 2000, lançado pela Fundação Roberto Marinho e que segue ativo, transformando milhares de jovens do Brasil. 

A educação está no coração da nossa estratégia, é um dos seis compromissos ESG que assumimos”, conta, em vídeo, apresentado durante o evento. A Globo se tornou signatária do Pacto Global da ONU em 2022.

Viridiana Bertolini, de Valor Social, lembra que, recentemente, juntamente com a Fundação Roberto Marinho, a Globo lançou o Movimento LED – Luz na Educação, iniciativa que mapeia e ilumina práticas que estão mudando a educação no país. 

Com o Movimento, nos últimos dois anos, já distribuiu mais de R$ 3 milhões para projetos inovadores na área de educação no Brasil. “Transbordamos os muros da sala de aula. Temos que olhar para o campo da educação como a que de fato emancipa, com um viés empreendedor e de soft skills, que usa tecnologia”, comenta.

Viridiana Bertolini, gerente de Valor Social — Foto: Flávio Ferreira

Ela cita que as parcerias fazem parte do histórico da empresa. “No LED temos 14 parcerias e estamos abertos a novas. O Educa2030 é mais um elemento desse catalisador e acreditamos que precisamos nos unir por um bem maior; vamos mais longe quando estamos entre pares”, pontua Bertolini. Destaca, entre as metas do movimento, a de levar mais mulheres para áreas de exatas e tecnologia.

Ao lado da Globo, a Yduqs, entra com a missão de ajudar não apenas com advocacy, para chamar mais empresas, mas também com capacitação

Educação é a principal ferramenta de transformação social do nosso século e não nos conformamos com um país em que há tanta gente que não chega a uma universidade”, comenta Cláudia Romano, vice-presidente e head de ESG da Yduqs e presidente do Instituto Yduqs. Ela cita que quase 60% dos 1,4 milhão de alunos das faculdades do grupo, entre elas, Estácio, Ibmec e outras, são pretos e pardos e 80% deles são os primeiros de suas famílias a acessar o ensino superior. “Mas, ainda assim, enfrentam desafios importantes para cursar e entrar no mercado”, diz.

Adiciona que o ensino à distância, EAD, é uma das principais ferramentas para democratizar o ensino e levar oportunidade para regiões remotas e também pessoas que precisam se dedicar a outras funções, como mães com mais cuidado de filhos e casa.

A Yduqs vai contribuir também com triagem de currículos dentre seus alunos para contratação por empresas do movimento. Também vai, de acordo com Joice Portella, gerente de ESG da Yduqs, promover ações internas. “Vamos revisar estratégias para contratar jovens, principalmente de dentro da nossa estrutura educacional”, diz. A Yduqs participa dos movimento Raça é Prioridade e Elas Lideram.

O Educa 2030 é o décimo Movimento da Estratégia Ambição 2030, programa do Pacto Global para engajar as corporações brasileiras na promoção de ações concretas, com metas e compromissos públicos assumidos para evoluir nos 17 ODSs para serem atingidos até 2030. "O desenvolvimento econômico precisa de cidadãos conscientes para participar dessa evolução", diz Gabriela Rozman, gerente de Pesquisa e Conteúdo do Pacto Global da ONU no Brasil.

Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, ao abrir o evento, lembra que hoje, no Brasil, a inserção de jovens no mercado de trabalho é um grande desafio, mas vital para o desenvolvimento da sociedade e da economia. “Educação é um tema de absoluta prioridade. Esse movimento, constitucionalmente, tem que ter absoluta prioridade”, diz.

Cita dois problemas que, em sua opinião, precisam ser atacados no país: a grande e crescente população de “nem-nem” (nem estuda e nem trabalha), que chega a 36% das pessoas de 18 a 29 anos, e a baixa empregabilidade de jovens aprendizes pelo setor privado. “Muitas empresas preferem pagar multa a cumprir a lei do jovem aprendiz. 

Dentro da lógica, ela está no direito, mas precisamos inverter esse racional”, diz Pereira. Ele cita que as empresas têm um potencial de criar seis milhões de empregos para esta população jovem. “Nosso objetivo é promover uma aliança com o setor empresarial, incentivando outras empresas a aderirem ao Movimento Educa2030”, diz.

(*) A jornalista viajou a convite do Pacto Global da ONU no Brasil


Fonte: O GLOBO