Ministro de Comunicações afirma que canal filmou posicionamento de forças israelenses e transmitiu anúncios militares do Hamas; medida passa por análise da Defesa de Tel Aviv
O Ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, afirmou que a decisão de proibir as atividades da televisão Al Jazeera no país e apreender o equipamento dos profissionais do canal está nas mãos do ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant. O gabinete de segurança de Tel Aviv aguarda o aval das autoridades da pasta, responsável por analisar os contornos jurídicos e a segurança da medida em meio à guerra contra o grupo terrorista Hamas. A informação foi publicada pelos veículos de imprensa locais "Haaretz" e "Times of Israel".
O plenário do Knesset, o Parlamento israelense, aprovou o envio da proposta de acabar com as transmissões da Al Jazeera em Israel para o Comitê de Relações Exteriores e Defesa. Em comentários durante a sessão parlamentar, Karhi alegou que o canal "fotografou e publicou” o posicionamento das Forças de Defesa de Israel, "transmitiu anúncios militares do Hamas" e “distorceu fatos de uma forma que incitou massas populares à revolta".
— Do nosso ponto de vista, as ordens estão prontas para remover [a Al Jazeera] dos [provedores de TV a cabo] Hot e Yes, para fechar os escritórios [da Al Jazeera], para apreender equipamentos de transmissão de jornalistas, para revogar os passes de imprensa do governo, para reter comunicações e serviços de Internet por empresas israelenses [para a Al Jazeera]. Tudo está pronto — disse Karhi durante o debate no plenário do Knesset sobre o assunto, segundo o "Times of Israel".
O canal Al Jazeera é emissora estatal com sede em Doha, no Catar. O país é um dos principais atores na mediação do conflito envolvendo a necessidade de diálogo com o Hamas. Nas últimas semanas, circularam informações de bastidores de que o governo do país estaria em conversas com o grupo terrorista, também com participam da Turquia, para libertar os reféns mantidos na Faixa de Gaza.
Após passar pela Defesa israelense, a medida será votada no gabinete de segurança do governo. Segundo Karhi, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "instruiu que sejam realizados trabalhos para fechar o canal".
— Estamos determinados a continuar o processo [de fechamento] até à sua conclusão. No que nos diz respeito, as ordens [do premier] estão prontas [para serem implementadas] — disse Karhi.
Segundo o "Times of Israel", logo após o debate no Knesset, o gabinete de Gallant divulgou uma declaração na qual afirma que "o ministro da Defesa apoia a restrição imediata das transmissões e atividades do canal Al Jazeera".
A emissora ainda não se manifestou sobre as ameaças do governo de Israel.
Com a intensificação das operações terrestres israelenses na Faixa de Gaza, na semana passada, as Forças Armadas de Israel informaram às agências internacionais que não poderão garantir a segurança dos jornalistas que estão cobrindo localmente a guerra contra o grupo terrorista Hamas.
A declaração levantou preocupações por parte do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), que relatou em comunicado que, durante as três semanas de conflito, 29 profissionais perderam a vida enquanto desempenhavam a função, tornando este o período mais mortal para jornalistas em três décadas.
Fonte: O GLOBO
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