Natanael Cordeiro dos Santos levou a esposa Raelly Araujo Borges à UPA do Segundo Distrito e discutiu com um médico e um enfermeiro da unidade por discordar de atendimento. Imagens mostram troca de acusações e gritos ao lado da sala onde a mulher é atendida.
Um vídeo mostra o momento em que o marido de uma paciente se desentende com a equipe da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito de Rio Branco e acusa os profissionais de agressão.
O caso aconteceu na manhã dessa quinta-feira (24). Ao g1, Natanael Cordeiro dos Santos contou que a esposa, Raelly Araujo Borges, apresenta problemas de saúde há vários dias, com dores e sangue nas fezes, e aguarda o resultado de exames para saber o diagnóstico.
Ele afirmou ainda que já levou Raelly à unidade diversas vezes para ser medicada e voltar para casa. A mulher sofreu um desmaio em casa, e a família buscou a UPA.
Santos disse que a equipe atendeu sua esposa, e que um dos médicos viu que ela não estava bem. Porém, o desentendimento começou quando a mulher estava sendo transferida para uma maca com colchão, e o médico tentava acordar Raelly. Santos diz que discordou do método empregado pelo médico e quis intervir.
“Ele cutucava, empurrava, querendo acordar ela, chamando para a outra maca. Eu fiquei olhando, e ela só mexia o olho um pouco e fechava de volta, mas não se mexia, porque ela estava fraca. Eu disse para o médico que ela não estava em condições de se mexer, e falei: 'junta o senhor, mais um, tem três homens aqui, para levar essa mulher para a maca'.
Ele aumentou a voz comigo, e disse: ‘Rapaz, você quer me ensinar? Não venha me ensinar meu trabalho’. E respondi que ele parecia não saber o que estava fazendo, que era para carregarem para a maca, e não acordá-la, porque ela estava fraca. Quando cheguei perto dela, ele me deu um empurrão e eu disse para ele não encostar em mim”, relatou.
Nesse momento, segundo Santos, um outro profissional interviu, e pediu que ele e o médico se retirassem da sala para que ele fizesse o atendimento. O homem afirma que este profissional insistiu para que ele saísse, e o empurrou para fora da sala. Foi nesse momento que ele começou a gravar a confusão.
Confusão
Conforme apurado pela reportagem, os dois profissionais filmados por Santos são: o enfermeiro Osvaldo da Costa Ferreira (de camisa preta) e o médico Antônio Gilson Pereira (de camisa laranja). Poucos segundos após o início da gravação, o enfermeiro se aproxima de Santos e pede que ele pare de gravar. O homem retruca, e diz que está sendo mais uma vez empurrado.
“Olha, você não me toque. Segunda vez que você está me tocando, saia de perto de mim”, afirmou Santos.
Ainda na gravação, é possível ouvir o médico dizer que Santos está atrapalhando o serviço. A discussão continua, e Santos volta a filmar o enfermeiro, que parece dar um tapa no aparelho para interromper a filmagem. Revoltado, Santos volta a filmar e é contido por um outro homem que tenta afastá-lo da confusão.
“Ele ia acertar na minha cara, mas, eu coloquei a mão na frente. Mas, ainda me feriu”, comentou Santos.
O homem considera que a esposa foi negligenciada, e registrou um boletim de ocorrência por agressão.
“A gente leva a nossa família para ser tratada, para ser medicada. E o pessoal faz a gente passar por um constrangimento desses. Porque não tinha necessidade de eles me empurrarem, de eles me tratarem do jeito que eles me trataram. De chutar minha bolsa lá para fora. Não tinha necessidade daquilo, de ele ter me dado um tapa. Ele me cortou. A minha sorte foi que eu coloquei a mão no meio, mas ia acertar na minha cara”, acrescentou.
O casal contratou a advogada Gicelle Rodrigues para acompanhar o caso. Ao g1, a advogada informou que o caso está sendo apurado pela Delegacia de Polícia Civil da 2ª Regional de Rio Branco.
“A delegacia vai verificar escala de plantão envolvidos para informações mais precisas. Estaremos acompanhando nessa fase de delegacia, e na sequência com ações cíveis e criminais cabíveis”, disse.
Repercussão
À reportagem, o médico Antônio Gilson Pereira disse que vai se reunir com a direção da UPA na próxima segunda-feira (27), e que deve se pronunciar após a reunião. O g1 não conseguiu contato com o enfermeiro Osvaldo da Costa Ferreira, nem com a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre).
O Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) divulgou nota e lamentou a interferência no trabalho do médico, e repudiou o que classifica como violência, interferência desmedida e exposição vexatória.
“Caso haja algum questionamento quanto à conduta profissional médica, existem os meios legais para isso junto ao CRM, que é o órgão fiscalizador da ética médica e está à disposição da sociedade. Porém, o caminho da violência e da interferência desmedida, com exposição vexatória, não pode ser tolerado, inclusive configura crime desacatar funcionário público em seu trabalho”, acrescentou a nota.
Fonte: G1
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