Luciane Barbosa Freitas esteve no ministério da Justiça em duas ocasiões com assessores; ex-presidente também discursou no evento do PL Mulher, quando criticou parte da bancada do PL por votar com governo

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou neste sábado criticou o ministro da Justiça, Flávio Dino, pela presença de Luciane Barbosa Freitas, mais conhecida como a "dama do tráfico amazonense" em duas agendas em sua pasta. 

Luciane é esposa de Clemilson dos Santos Farias, líder do Comando Vermelho, o que foi inicialmente divulgado em uma reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo". Dino, contudo, não esteve presente nessas reuniões.

— Esses dias a dama do tráfico estava lá em Brasília, por quê? Como um ministro consegue entrar numa favela sem segurança? Quando o atual presidente ganhou, quem comemorou? O crime organizado — disse Michelle Bolsonaro.

A ex-primeira-dama se referiu a uma agenda cumprida por Dino na favela da Maré, no Rio de Janeiro. Em março deste ano, o ministro esteve na comunidade carioca para o lançamento de um boletim sobre violência, onde encontrou diversas lideranças locais. 

À época, a base bolsonarista o acusou de ter "envolvimento com o crime organizado". "Flávio Dino, o ministro que entra na Maré, complexo de favelas mais armado do Rio, com apenas dois carros e sem trocar tiros", escreveu Eduardo Bolsonaro (PL) no antigo Twitter na época.

A esposa de Jair Bolsonaro (PL) seguiu com as acusações contra o ministro e o presidente:

— Será que é por isso que seu ministro consegue entrar numa favela sem segurança? Será que é por isso que hoje abre as portas do ministério para receber a dama do tráfico? Porque ele não recebe as mamães atípicas que estão esperando atendimento — afirmou Michelle.

A declaração ocorreu durante evento do PL Mulher em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Na ocasião, Michelle recebeu a Medalha do Mérito Farropilha, mais alta honraria concedida pela Assembleia Legislativa do estado. Ao longo da reunião, ela também fez críticas diretas ao governo Lula.

— É um governo que prega o socialismo, mas ama o que o capitalismo pode oferecer. É um desgoverno que só pensa em si mesmo, que na época da campanha política tem os discursos mais lindos, mas na prática esquece o povo —afirmou.

Refoma Tributária e Hamas

O ex-presidente, por sua vez, também discursou no final da reunião, quando criticou a infidelidade de parte da bancada do PL.

— Essa atual reforma tributária não tem nada de privada. Por isso, o nosso partido desde o primeiro momento fechou posição. Que pena que uma minoria tenha se vendido. Jesus tinha 12, um traiu. Nós temos 99, dez vão trair também — disse.

Em relação ao governo Lula, Bolsonaro voltou a questionar o fato do Planalto não considerar o Hamas enquanto uma organização terrorista. O Brasil segue a classificação das Nações Unidas.

Bolsonaro em evento do PL Mulher — Foto: Reprodução

O que diz Dino

O ministro da Justiça, Flávio Dino, negou já ter visto ou encontrado Luciane Barbosa Farias E.m sua conta no X (antigo Twitter), o integrante do primeiro escalão do governo Lula chamou as afirmações de "absurdo".

"Tais audiências — que teriam ocorrido no Ministério dos Direitos Humanos segundo a declarante — JAMAIS OCORRERAM. Qual vai ser o próximo absurdo ? Vejam: a declarante diz que me viu, mas que nunca conversou. Qual terá sido o crime que cometi ? Peço ajuda aos colegas juristas", publicou.

Luciane também negou ter encontrado com o minisitro:

— Pessoas estão usando minha cabeça como Cristo para atacar o atual governo e o ministro. Flávio Dino nunca me recebeu. Cheguei a vê-lo, sim, em algumas audiências lá no Ministério dos Direitos Humanos, mas nunca cheguei a conversar com ele pessoalmente — afirmou, em coletiva.


Fonte: O GLOBO