Deputado cumpre agenda nesta semana de olho nas eleições municipais de 2024

Escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para concorrer à prefeitura do Rio no ano que vem, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) começa a articular alianças com outros partidos, como o PP, e dialoga para diminuir a tensão com colegas de partido que também sonharam com o posto. Ramagem terá encontro nesta terça-feira, em Brasília, com o senador Carlos Portinho (PL-RJ), que pretendia disputar o mesmo cargo.

Até o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ser escolhido por Bolsonaro, o senador tentava viabilizar o seu nome internamente. Para fazer do colega um cabo eleitoral, entretanto, Ramagem precisará se comprometer a apoiar candidatos a vereador associados a Portinho, como Alana Passos, Jeremias Di Caetés e o atual vice-prefeito do Rio, Nilton Caldeira.

Em uma outra reunião, ainda nesta semana, o deputado terá encontro com o líder do PP na Câmara, Dr. Luizinho, para negociar um possível apoio na empreitada. Com a aproximação, Ramagem poderia oferecer o posto de vice a um integrante do partido, colocando por terra qualquer possibilidade de Luizinho se lançar à prefeitura.

De acordo com caciques do PL, as conversas com o Republicanos e com o Partido NOVO também já foram abertas. O perfil de um eventual vice ainda não foi traçado, mas alguns nomes do partido já defendem que Ramagem tenha uma mulher a seu lado.

A aproximação de Ramagem com Portinho atende a um pedido feito pelo filho mais velho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que tenta evitar conflitos internos. Na última semana, Portinho trabalhou para que senadores da oposição votassem contra a Reforma Tributária, a pedido de Bolsonaro.

O trabalho dele foi encarado como uma demonstração de fidelidade ao ex-presidente, mas não mudou os planos em relação à campanha. Outro nome que, de acordo com integrantes do PL, ainda não jogou a toalha, é o general Walter Braga Netto. Ele espera reverter a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível.

Questionado, Portinho confirma o encontro e diz que pode apoiar Ramagem, desde que "cheguem a um consenso sobre candidatos a vereador e o nome seja bem aceito em sua base".

— Bolsonaro segue com o nome do Ramagem na cabeça, mas eu sigo com a vontade de me viabilizar. Quero entender quais são os planos dele para a prefeitura e ouvir dos candidatos a vereador que apoio, como veem o nome do Ramagem. Podemos construir, sim, mas isto dependerá de diálogos. Eu pretendo ajudar o partido a conquistar a prefeitura — afirma o senador.

Portinho diz que já ter começado a conversar outros partidos para angariar apoio. A possível desistência, contudo, deve impulsionar uma outra negociação, com olhos em 2026. Senador desde 2020, quando assumiu a vaga deixada por Arolde de Oliveira, morto em outubro daquele ano, Portinho tem chances remotas de concorrer à reeleição.

As duas vagas abertas ao Senado nas próximas eleições devem ser ocupadas pelo governador do Rio, Cláudio Castro, e pelo filho mais velho de Bolsonaro, Flávio. Sem ter vaga para prefeitura e sem conseguir se viabilizar no Senado, ele já teria sinalizado a aliados que aceitaria concorrer a deputado federal, desde que com o apoio expresso do ex-presidente da República e do presidente do partido, Valdemar Costa Neto. Em relação à possibilidade de sair do PL, ele descarta.

— Isso não está na minha cabeça, sou membro do PL, luto pelos ideais do partido e sempre fui ouvido em minhas reivindicações. Tenho certeza de que chegaremos ao melhor caminho — completa.


Fonte: O GLOBO