Altamira (PA) e São Félix do Xingu (PA) despontam no ranking de cidades com mais incêndios florestais, segundo dados do Inpe
O estado do Brasil que mais teve focos de queimada entre janeiro e novembro de 2023 foi o Pará, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ao todo, foram mais de 33,4 mil pontos de incêndio registrados até a última segunda-feira. O estado vai sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, em novembro de 2025, em Belém.
O segundo estado que teve mais queimadas é o vizinho Amazonas, com mais de 18,7 mil focos de incêndio; seguido por Mato Grosso, com 18,1 mil; e Maranhão, com 16,9 mil. Os quatro estados fazem parte da Amazônia Legal.
Como consequência dos incêndios florestais, as cidades de Manaus (AM), Parintins (AM), Altamira (PA) e Santarém (PA) amanheceram nos últimos dias com uma espessa camada de fumaça.
O diretor da PF de Amazônia e Meio Ambiente (Damaz), Humberto Freire, deve acompanhar nesta sexta-feira o ministro da Justiça, Flávio Dino, em um anúncio de mais R$ 480 milhões em investimentos em prol da Amazônia. Além de fortalecer a segurança pública, as medidas também visam combater o desmatamento ilegal na região.
Procurado, o governo do Pará informou que mobilizou mais de 230 bombeiros para combater as queimadas no Estado. “Atualmente, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil realizam mapeamento prévio nos municípios com maior número de focos, atuando com mais de 230 militares no combate às queimadas no estado”, disse a secretaria do Meio Ambiente do Pará, em nota.
Já o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, atribuiu os incêndios aos efeitos causados pelas mudanças climáticas e o fenômeno do El Niño (aumento anormal da temperatura do oceano Pacífico), que provocaram uma seca histórica na Amazônia em 2023. Nos últimos anos, a região foi acometida pelo La Niña, que tem o efeito oposto e deixa a região com mais umidade.
— O ciclo de seca começou em Tabatinga (AM), passou pelo Rio Negro (AM) e agora chega no Tapajós (PA). O que foi registrado em outubro no Amazonas deve acontecer agora no Pará — disse o secretário, referindo-se ao baixo nível dos rios amazônicos que provocou o desabastecimento de comunidades ribeirinhas e a morte de centenas de peixes e botos.
Em outro recorte, a taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal caiu 22,3% entre 2022 e 2023. A área desmatada nos últimos 12 meses ficou em 9,1 mil km², conforme divulgado pelo Inpe. Esta é a menor taxa calculada pelo Prodes desde 2019.
A estiagem do mês de outubro contribuiu para a piora nos registros de queimada nos dois estados. Segundo dados do Inpe, o Amazonas bateu o recorde de focos de incêndio no mês, com mais de 3,8 mil, desde 1998, quando se iniciou a série histórica. E o Pará teve o segundo pior outubro do levantamento, com 11,3 mil focos de incêndio - o maior número de queimadas (11,5 mil) foi registrado em 2008.
Nos cinco primeiros dias de novembro, os incêndios florestais no Amazonas diminuíram, enquanto no Pará se mantiveram em um patamar elevado. Isso levou o governador do Amazonas, Wilson Lima, a gravar um vídeo na última sexta-feira, dizendo que a onda de fumaça que cobria Manaus “vinha do estado vizinho, que nesse momento também começa a sofrer os efeitos da estiagem”.
Diante dos últimos alertas, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou ao GLOBO que enviou 300 brigadistas do órgão para combater os focos de incêndio no Pará.
— Mais notadamente nas áreas mais sensíveis, como unidades de conservação e terras indígenas. Os nossos dados mostram que 73% dos focos ocorrem em áreas desmatadas nos últimos anos. Reduzindo o desmatamento, conseguimos reduzir o fogo — disse ele.
O órgão ambiental também está elaborando um projeto para utilizar verba do Fundo Amazônia para combater as queimadas, como a aquisição de novas aeronaves.
Cidades com mais queimadas
No ranking das cinco cidades que mais registraram queimadas neste ano, as duas primeiras se situam no Pará — Altamira e São Félix do Xingu. As outras são, na ordem, Porto Velho (Rondônia), Lábrea (Amazonas) e Apuí (Amazonas).
Essas cidades possuem atividade econômica voltada à exploração de gado e madeira. O fogo costuma ser utilizado para "limpar os terrenos" para a pastagem e plantio antes que comece o período chuvoso. Com a estiagem severa e o baixo nível dos rios, aumenta também a quantidade de áreas propícias às queimadas.
— O principal problema é o uso inadequado do fogo para limpeza dos imóveis rurais. Nossa legislação prevê autorização prévia e cautelas para uso do fogo nas práticas agrícolas desde 1934, e isso é solenemente ignorado. Somam-se a irresponsabilidade de quem descumpre a legislação, a omissão dos governos estaduais no controle dessas práticas e a seca severa. O resultado é devastador — avaliou Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima.
Em coletiva dada em outubro, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi na mesma linha e declarou que o "principal vetor" das queimadas na Amazônia é o desmatamento.
— Não existe fogo natural na Amazônia. É uma situação de extrema gravidade, porque há cruzamento de três fatores: grande estiagem provocada pelo El Niño, matéria orgânica em grande quantidade ressecada e ateamento de fogo em propriedade particulares e dentro de áreas públicas de forma criminosa — disse a ministra, na ocasião.
Fonte: O GLOBO
Procurado, o governo do Pará informou que mobilizou mais de 230 bombeiros para combater as queimadas no Estado. “Atualmente, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil realizam mapeamento prévio nos municípios com maior número de focos, atuando com mais de 230 militares no combate às queimadas no estado”, disse a secretaria do Meio Ambiente do Pará, em nota.
Já o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, atribuiu os incêndios aos efeitos causados pelas mudanças climáticas e o fenômeno do El Niño (aumento anormal da temperatura do oceano Pacífico), que provocaram uma seca histórica na Amazônia em 2023. Nos últimos anos, a região foi acometida pelo La Niña, que tem o efeito oposto e deixa a região com mais umidade.
— O ciclo de seca começou em Tabatinga (AM), passou pelo Rio Negro (AM) e agora chega no Tapajós (PA). O que foi registrado em outubro no Amazonas deve acontecer agora no Pará — disse o secretário, referindo-se ao baixo nível dos rios amazônicos que provocou o desabastecimento de comunidades ribeirinhas e a morte de centenas de peixes e botos.
Em outro recorte, a taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal caiu 22,3% entre 2022 e 2023. A área desmatada nos últimos 12 meses ficou em 9,1 mil km², conforme divulgado pelo Inpe. Esta é a menor taxa calculada pelo Prodes desde 2019.
A estiagem do mês de outubro contribuiu para a piora nos registros de queimada nos dois estados. Segundo dados do Inpe, o Amazonas bateu o recorde de focos de incêndio no mês, com mais de 3,8 mil, desde 1998, quando se iniciou a série histórica. E o Pará teve o segundo pior outubro do levantamento, com 11,3 mil focos de incêndio - o maior número de queimadas (11,5 mil) foi registrado em 2008.
Nos cinco primeiros dias de novembro, os incêndios florestais no Amazonas diminuíram, enquanto no Pará se mantiveram em um patamar elevado. Isso levou o governador do Amazonas, Wilson Lima, a gravar um vídeo na última sexta-feira, dizendo que a onda de fumaça que cobria Manaus “vinha do estado vizinho, que nesse momento também começa a sofrer os efeitos da estiagem”.
Diante dos últimos alertas, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou ao GLOBO que enviou 300 brigadistas do órgão para combater os focos de incêndio no Pará.
— Mais notadamente nas áreas mais sensíveis, como unidades de conservação e terras indígenas. Os nossos dados mostram que 73% dos focos ocorrem em áreas desmatadas nos últimos anos. Reduzindo o desmatamento, conseguimos reduzir o fogo — disse ele.
O órgão ambiental também está elaborando um projeto para utilizar verba do Fundo Amazônia para combater as queimadas, como a aquisição de novas aeronaves.
Cidades com mais queimadas
No ranking das cinco cidades que mais registraram queimadas neste ano, as duas primeiras se situam no Pará — Altamira e São Félix do Xingu. As outras são, na ordem, Porto Velho (Rondônia), Lábrea (Amazonas) e Apuí (Amazonas).
Essas cidades possuem atividade econômica voltada à exploração de gado e madeira. O fogo costuma ser utilizado para "limpar os terrenos" para a pastagem e plantio antes que comece o período chuvoso. Com a estiagem severa e o baixo nível dos rios, aumenta também a quantidade de áreas propícias às queimadas.
— O principal problema é o uso inadequado do fogo para limpeza dos imóveis rurais. Nossa legislação prevê autorização prévia e cautelas para uso do fogo nas práticas agrícolas desde 1934, e isso é solenemente ignorado. Somam-se a irresponsabilidade de quem descumpre a legislação, a omissão dos governos estaduais no controle dessas práticas e a seca severa. O resultado é devastador — avaliou Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima.
Em coletiva dada em outubro, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi na mesma linha e declarou que o "principal vetor" das queimadas na Amazônia é o desmatamento.
— Não existe fogo natural na Amazônia. É uma situação de extrema gravidade, porque há cruzamento de três fatores: grande estiagem provocada pelo El Niño, matéria orgânica em grande quantidade ressecada e ateamento de fogo em propriedade particulares e dentro de áreas públicas de forma criminosa — disse a ministra, na ocasião.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários