Sisi está no poder desde 2013, quando derrubou o presidente eleito Mohamed Morsi

O presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sisi, conquistou o direito de exercer um terceiro mandato de seis anos após ser reeleito, sem surpresas, com 89,6% dos votos. A vitória de al-Sisi, confirmada na segunda-feira, só foi possível após o governo ampliar o limite de dois para três mandatos consecutivos.

O presidente da autoridade eleitoral, Hazem Badawy, anunciou uma taxa de participação "sem precedentes" de 66,8%, entre 67 milhões de eleitores: mais de 39 milhões votaram em Sisi. As eleições foram realizadas entre 10 e 12 de dezembro no país mais povoado do mundo árabe, com 106 milhões de habitantes.

O chefe de Estado, de 69 anos e ex-comandante das forças armadas, governa o Egito há uma década e iniciará seu novo mandato em abril. Segundo a Constituição, este deveria ser seu último. O líder estendeu a duração do mandato presidencial de quatro para seis anos e modificou a Carta Magna para posibilitá-lo cumprir três mandatos consecutivos.

Propaganda eleitoral de al-Sisi em mercado do Cairo — Foto: Khaled Desouki/AFP

Sisi está no poder desde 2013, quando derrubou o presidente eleito Mohamed Morsi. Nas eleições de 2014 e 2018, ele recebeu 96% dos votos. Por 10 anos, a repressão à oposição eliminou qualquer concorrência séria para Sisi, o quinto presidente proveniente das fileiras do exército desde 1952. Milhares de opositores foram parar na prisão durante seu mandato.

O presidente teve três adversários relativamente desconhecidos nas eleições: Hazem Omar, do Partido Republicano do Povo, que ficou em segundo com 4,5% dos votos; Farid Zahran, líder do Partido Social-Democrata Egípcio, uma legenda de esquerda; e Abdel Sanad Yamama, do partido centenário Wafd.

Cédula eleitoral é vista enquanto os funcionários contam os votos em uma seção eleitoral no distrito de Abdeen, no centro do Cairo — Foto: Khaled Desouki/AFP

A oposição havia conseguido ganhar impulso neste ano, mas a atenção da mídia e da opinião pública acabou se voltando para a guerra em Gaza, desencadeada após o violento ataque do movimento islamista Hamas em Israel em 7 de outubro.

Além disso, as eleições ocorreram em plena crise econômica, com inflação de 40%, uma desvalorização de 50% da moeda nacional e a eliminação dos subsídios públicos sob pressão do Fundo Monetário Internacional. Dois terços dos egípcios vivem perto do limite da pobreza.

Um grande número dos apoiadores de Sisi considera que ele conseguiu devolver a tranquilidade ao país após o caos decorrente da "revolução" de 2011 e a queda de Hosni Mubarak, que esteve no poder por 30 anos.


Fonte: O GLOBO