Grupo formado por brasileiros, palestinos com residência no Brasil e familiares foi levado a Rafah, em uma posição próxima a passagem para o Egito

Autoridades brasileiras na Faixa de Gaza conseguiram retirar um grupo de 85 brasileiros, palestinos com residência no Brasil e seus familiares das principais zonas de combate entre Israel e Hamas, reunindo-os perto da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito. 

A informação foi confirmada nesta quarta-feira ao GLOBO pelo embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas. Nos últimos dias, tropas israelenses invadiram o sul do enclave palestino por terra, inaugurando uma nova fase do conflito.

Agora, as autoridades brasileiras esperam apenas pela liberação de Israel e Egito para transportar os civis pela fronteira.

"Conseguimos concentrar 85 brasileiros e familiares próximos em Rafah, retirando-os dos teatros de operações mais intensos de Khan Younis, Deir al Balah e do campo de refugiados de Nuseirat, e colocando-os muito próximos do passo de fronteira", escreveu Candeas.

A nova tentativa de retirada de civis do enclave palestino ocorre em um momento delicado do conflito, após a breve trégua para troca de reféns entre Israel e Hamas. O cerco a Khan Younis, principal cidade do sul de Gaza, foi descrito, na terça-feira, por oficiais israelenses como o com combates mais intensos até o momento.

Mesmo Rafah, para onde o grupo de brasileiros foi levado, não está livre da guerra. As Forças Armadas de Israel bombardearam a cidade mais ao sul do enclave no começo da semana, o que não impediu que uma nova leva de pessoas chegasse ao local, após ordens de evacuação israelenses em bairros de outras cidades ao sul.

Sob pressão da comunidade internacional, Israel tem indicado à população civil que se desloque para uma "zona segura" na costa do Mar Mediterrâneo, no extremo sudoeste do enclave. A ONU, contudo, criticou a iniciativa, com representantes da organização afirmando ser impossível o estabelecimento de zonas seguras em Gaza sob ocupação, principalmente de forma unilateral.

Na segunda-feira, o escritório humanitário da ONU disse que alguns dos abrigos para onde Israel disse às pessoas para fugirem “já estavam superlotados”. Com os abrigos em Rafah já muito acima da capacidade, a entidade descreveu um cenário no qual recém-chegados tiveram que montar tendas e construir abrigos improvisados nas ruas ou em quaisquer espaços vazios que pudessem encontrar pela cidade.

Pouco depois da guerra entre Israel e Hamas estourar, o governo federal lançou a "operação voltando em paz", iniciativa para retirar nacionais das regiões afetadas: Gaza, Cisjordânia e Israel. Ao todo, 1.477 pessoas foram transportadas pela Força Aérea Brasileira, a grande maioria brasileiros.


Fonte: O GLOBO