Após queda de braço por renegociação da dívida do estado, governador se aproxima do atual prefeito da capital, enquanto senador fica mais distante do próprio correligionário
Pacheco é correligionário do atual prefeito, Fuad Noman (PSD), que irá concorrer à reeleição, e o caminho natural seria apoiá-lo. No entanto, a aproximação do gestor municipal com o grupo de Zema gerou rusgas. Para garantir sua governabilidade, Fuad costurou uma aliança com o secretário estadual da Casa Civil, o ex-deputado Marcelo Aro (PP).
Influente na Câmara de Vereadores, Aro emplacou aliados em quatro secretarias — Governo, Meio Ambiente, Educação e Desenvolvimento Econômico. Em contrapartida, o grupo de 12 parlamentares que integram a “Família Aro” migrou para a base do prefeito.
Em resposta, o entorno de Pacheco aderiu a um jogo de “morde e assopra” na tentativa de diminuir a influência de Zema na capital. O deputado federal Luiz Fernando Faria (PSD-MG), coordenador da bancada federal de Minas, passou a criticar Fuad publicamente pela aliança, sugerindo até que o PSD poderia expulsar o prefeito.
Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), outro interlocutor próximo de Pacheco, declarou na semana passada que o apoio à reeleição do prefeito seria natural, mas indicando que outros nomes do partido podem entrar na disputa.
Fator Kalil
Filiado ao PSD, o ex-prefeito Alexandre Kalil é considerado uma incógnita por outras correntes políticas, com movimentos que podem atrapalhar tanto Pacheco quanto Zema. Kalil não pode se candidatar após se reeleger em 2020 — ele renunciou no ano passado para concorrer ao governo contra Zema, de quem segue adversário.
Hoje, o ex-prefeito negocia diretamente com o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, qual será sua participação no pleito e, por ora, não cogita apoiar Fuad, seu antigo vice. A aliados, Kalil sinalizou na última semana que pretende lançar seu ex-secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, que não tem filiação partidária. Interlocutores vislumbram uma possível concorrência entre Kalil e Pacheco no PSD pelo posto de candidato a governador em 2026.
Procurado pelo GLOBO, Kalil disse que ainda avalia se apoiará algum candidato em 2024 e afirmou que está “recolhido em casa”, mas alfinetou a atuação de Pacheco.
— Existem vários caminhos para ser candidato ao governo de Minas, exceto dois: envolver a negociação da dívida do estado e mexer com o STF — afirmou.
O ex-prefeito fez referência velada à PEC que estabelece mandatos para ministros da Corte, articulada por Pacheco em aceno a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por ora, o deputado bolsonarista Bruno Engler, pré-candidato do PL à prefeitura de BH, acena em busca do apoio de Zema. Engler, porém, já se envolveu em atritos com o governador por se posicionar contra o regime de recuperação fiscal, modelo defendido por Zema para equacionar a dívida do estado com a União.
— Acho que a vinda do governador seria para completar o campo da direita e a gente ter uma candidatura com todas os grandes nomes. Temos buscado essa construção, seria muito importante — disse Engler ao GLOBO.
A candidatura do PL não tem a adesão da “Família Aro”. O grupo pretende atrair o apoio do Novo a um candidato apoiado pelo secretário da Casa Civil.
Republicanos
Do outro lado, adversários do governador buscam a benção de Pacheco. O presidente da Câmara de BH, Gabriel Azevedo (sem partido), negocia uma filiação ao Republicanos e tem se aproximado do presidente do Senado, com demonstrações públicas de prestígio de ambos os lados. O Republicanos também é disputado pelo senador Carlos Viana (Podemos), cujo filho, o deputado federal Samuel Viana, se filiou à sigla nesta semana.
Também busca o apoio de Pacheco o ex-vice-governador e ex-aliado de Zema Paulo Brant (PSB), que já colocou seu nome na corrida à prefeitura.
— Tenho uma relação pessoal muito boa com Kalil, acho que foi um bom prefeito e é uma liderança de influência. A gente conversou embrionariamente. Tenho buscado Márcio Lacerda, Rodrigo Pacheco, são pessoas que tenho afinidade — disse o ex-vice-governador.
Fonte: O GLOBO
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