A firma faz gerenciamento de carreira de grandes nomes da música brasileira como Seu Jorge, Ana Carolina e Jota Quest.

O empresário do cantor Alexandre Pires, Matheus Possebon, preso pela Polícia Federal por integrar o “núcleo financeiro” de um suposto esquema de garimpo ilegal na Terra Yanomami foi afastado de seu cargo na empresa de eventos Opus Entretenimento. A firma faz gerenciamento de carreira de grandes nomes da música brasileira como Seu Jorge, Ana Carolina e Jota Quest.

De acordo com a empresa, Possebon atuava como prestador de serviços na realização de shows, turnês e agenciamento de carreiras, sem participação na sociedade da empresa. Até que o inquérito seja concluído, ele permanecerá afastado das atividades da companhia.

A Opus ainda afirmou que não é citada na Operação Disco de Ouro, e que desconhece quaisquer atividades irregulares realizadas por pessoas ligadas à empresa. Entre os artistas que são atendidos por Possebon e pela Opus estão Ana Carolina, Seu Jorge, Daniel, Jota Quest, Raça Negra, Roupa Nova, entre outros. Até o momento, nenhum dos artistas foi citado ou é investigado pela PF no caso do garimpo ilegal.

De acordo com o inquérito, Pires teria recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada. O inquérito também aponta que o esquema contaria com Possebon como um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes. Foi determinado o sequestro de mais de R$ 130 milhões dos suspeitos.

Além de empresário, Possebon também tentou se lançar na carreira musical. Ele já gravou faixas em estúdios e fez apresentações em Londres e na Argentina. Após a operação, tanto o perfil do empresário no Instagram como seu site pessoal saíram do ar. Na página de Alexandre Pires no Instagram, o nome de Possebon — que era indicado como seu empresário — foi silenciosamente omitido.

Operação Disco de Ouro

Alexandre Pires e Possebon foram alvo de um mandado de busca e apreensão em um cruzeiro onde se apresentava no litoral de Santos. Segundo as investigações, o artista teria recebido R$ 1.382 milhão de uma mineradora alvo de um inquérito.

A PF aponta que Pires recebeu dois depósitos, de R$ 357 mil e de R$ 1 milhão em suas contas bancárias. A investigação identificou ainda que uma das contas bancárias do músico também chegou a enviar, em uma atividade considerada atípica, R$ 160 mil para a mineradora.

Para os investigadores, essas movimentações financeiras indicam que a conduta de Pires “ignorou a origem do dinheiro e assumiu o risco de ser proveniente de atividade criminosa”.

Ainda de acordo com a PF, “os valores expressivos advindos de uma pessoa jurídica do ramo minerário com artista consagrado nacionalmente é um forte indicativo de ignorância deliberada sobre a origem criminosa do dinheiro de forma a evitar responsabilização criminal”.

A operação foi chamada de Disco de Ouro, e é um desdobramento de uma ação da PF deflagrada em janeiro de 2022, quando 30 toneladas de cassiterita extraídas de terra indígena que se encontravam depositadas na sede de uma empresa investigada e estariam sendo preparadas para remessa ao exterior.


Fonte: O GLOBO