Isnaldo Bulhões defende aumento do fundo eleitoral, mas critica calendário de pagamento de emendas analisado na Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano que vem
Leia a seguir os principais trechos da entrevista ao GLOBO:
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que será votada nesta semana, prevê que o governo empenhe as emendas parlamentares até junho. Concorda com o avanço do Congresso sobre o controle do Orçamento?
O calendário é desnecessário, pois já está previsto. Não tem que impor a execução dentro de um período.
A LDO estipula um teto de R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral em 2024, ano das eleições municipais, bem acima dos R$ 900 milhões sugeridos pelo governo, e dos R$ 2 milhões de 2020. É a favor do aumento?
A regra do fundo eleitoral deve ser a que tem sido aplicada: o valor da eleição anterior (R$ 4,9 bilhões em 2022) mais alguma correção.
O MDB ocupa três ministérios, mas vai liberar a bancada para derrubar vetos do presidente Lula ao marco temporal. Não vai jogar contra o governo?
O PT tem um entendimento consolidado e contrário ao tema (marco temporal), mas esta pauta não é do governo nem foi provocada por ele. É um tema que provoca divergências. Tenho dito ao governo que eles precisam entender a questão. O bloco do qual fazemos parte vai liberar a bancada, e a tendência é a derrubada do veto.
O MDB seguirá aliado a Lula até 2026 ou vai lançar um candidato na eleição presidencial?
O caminho natural do MDB é apoiar o Lula em 2026. Esse debate já existiu nas últimas eleições. Estamos no governo, e a minha defesa é por uma coligação com o PT.
Há um setor do MDB, liderado pelo senador Renan Calheiros (AL), crítico à aproximação do governo com o Centrão. Qual é a sua avaliação?
Esta composição foi muito importante. A base está consolidada, mas isso é construído na convivência. Os partidos têm dividido essa responsabilidade. O formato de compor era esse. O Lula não terceirizaria o Orçamento, como foi feito anteriormente.
O deputado emedebista Eunicio Oliveira (CE) reclamou da articulação política do Planalto e disse que Lula está governando com quem perdeu a eleição. Falta espaço para o MDB?
Na política, a gente não pode viver enxergando o retrovisor. Todo governo precisa de uma base.
O governo conta com a aprovação até o fim do ano da Reforma Tributária e da subvenção do ICMS. Acredita que vai dar tempo?
Quero acreditar que sim, estou confiante.
O senhor é um dos cotados para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL), mas há outros candidatos da base. A disputa não pode provocar um racha?
O MDB vai debater uma candidatura, seja a minha ou não. Nunca negaria esta possibilidade, seria como renunciar ao meu mandato. Tenho um bom convívio com outros nomes. Nós estamos na base de um governo de coalizão, e todas as conversas partirão disso.
O MDB foi ultrapassado pelo PSD em número de prefeituras e cadeiras no Senado. O partido perdeu relevância?
O MDB sofreu muito com o impeachment da Dilma Rousseff, em 2016, e a formação ministerial do Michel Temer. A bancada no Congresso caiu muito depois disso, mas hoje já é maior do que a eleita em 2018. E queremos superar os 800 prefeitos na campanha do ano que vem. O partido tem retomado a sua força de sempre.
O senhor foi vereador em Maceió e deputado estadual em Alagoas por cinco mandatos consecutivos. Houve falha na fiscalização das atividades da Braskem para chegarmos à situação atual? De quem?
É uma exploração que começa lá em 1976. Como durante toda essa história não houve falha na fiscalização? Não do governo atual (de Alagoas, comandado por Paulo Dantas, do MDB e seu aliado) nem do governo do Renan Filho (antecessor de Dantas no cargo e ministro dos Transportes, também aliado).
O que há de se explicar é um acordo feito entre a prefeitura (de Maceió, comandada por João Henrique Caldas, seu adversário) e a Braskem para uma indenização de R$ 1,7 bilhão. Os órgãos competentes dos governos recentes tomaram as suas medidas. Agora, em um contexto histórico, com certeza teve (falha na fiscalização).
Fonte: O GLOBO
Fonte: O GLOBO
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