Escola Vereda vai ampliar quadro de alunos em 40% e abrir três novas unidades

A Escola Vereda, que se posiciona como alternativa “acessível” ao ensino particular integral que costuma cobrar pequenas fortunas das famílias brasileiras, se prepara para expandir sua operação. O plano é aumentar em 40% o quadro de alunos em 2024 e, no ano seguinte, abrir mais três unidades na Grande São Paulo. (Atualmente, são três escolas no ABC e na capital paulista).

— No médio prazo, nossa ambição é ter dez escolas, o que nos daria fôlego em termos de geração de caixa para abrir duas novas escolas por ano. Isso ainda com foco em São Paulo, onde a demanda é enorme — afirma Arthur Buzatto, que fez carreira como advogado especializado em fusões e aquisições em escritórios como o Pinheiro Neto e se tornou sócio e CEO da Escola Vereda em 2019.

De Setubal a Klabin

A escola começou a operar em 2018 tendo a acessibilidade econômica como “proposta de valor”. Com alunos do Fundamental 1 ao Ensino Médio, a mensalidade média é de R$ 1,1 mil (variando de acordo com a série, chegando a R$ 1.380) e cobre ensino integral de oito horas, material didático e alimentação. Na grade horária, os alunos têm aulas de inglês todos os dias, além de disciplinas “não tradicionais”, como programação.

— A mensalidade não é barata, quando sabemos que grande parte dos estudantes brasileiros está na escola pública. Mas é muito mais acessível até que a de escolas particulares em meio período. Mais da metade dos nossos alunos vem da escola pública — argumenta o CEO.

O fundador da Vereda foi outro advogado, Danilo Costa, que havia trabalhado antes na Faria Lima. No começo da pandemia, ele saiu do negócio para fundar a fintech Educbank, cujo foco é justamente em escolas privadas. Quem comprou sua participação foi um grupo de investidores que hoje controla a Vereda.

Segundo Buzatto, no quadro de investidores estão nomes como Alfredo Setubal, de Itaúsa e Itaú Unibanco; Régis Dubrule, fundador da Tok&Stok; Roberto Klabin, membro de um dos maiores clãs do capitalismo brasileiro e fundador da SOS Mata Atlântica; José Aurélio Drummond, que foi CEO da BRF; e Giancarlo Arduini, dono de uma empresa de participações, membro de conselhos como o da Rumo (hoje como suplente) e que detém a maior participação individual no capital da Vereda.

Como a conta fecha?

A economista Cláudia Costin, que foi secretária de Educação da cidade do Rio e diretora sênior para Educação no Banco Mundial, está no conselho de administração da Vereda.

— Para a abertura das novas escolas, devemos fazer uma nova rodada de captação, mas esses investidores suportam o negócio pelos próximos dois, três anos — afirma Arthur Buzatto, que descarta o modelo de franquia e enxerga como destino mais provável do negócio no futuro uma associação com um sócio estratégico, por meio de um fundo de private equity.

Segundo o executivo, esse quadro societário é uma das explicações para que a conta feche com uma mensalidade muito menor que a de outras escolas de ensino integral:

— Não temos uma faca no pescoço para atingirmos uma margem estratosférica. Com 20%, ficamos satisfeitos, e no momento a margem ainda é muito menor porque estamos em expansão. Mas não tem bala de prata nem gol de mão: o preço é resultado de uma série de fatores.

Buzatto elenca uma lista, como administração profissional e back office tecnológico em um segmento ainda marcado por negócios familiares, não necessariamente treinados em gestão financeira. (Hoje, a Vereda fatura cerca de R$ 40 milhões por ano, com um total de 1.750 alunos).

‘Não estamos inventando a roda’

Outro atributo que eleva a eficiência é a padronização, com as escolas utilizando exclusivamente o material do Sistema pH e tendo a preparação de aulas e as correções centralizadas.

— Outro ponto é criticar determinadas premissas. O que arrebenta muito as margens das escolas é a ineficiência na grade horária do professor. Em vez de eles nos darem a disponibilidade, é a gente que informa quando ele vai trabalhar. 

No início, isso foi um baque, porque é incomum, mas, por sermos integrais, conseguimos preencher todo o horário deles, o que torna isso viável — explica Buzatto, que diz pagar aos professores 30% acima do piso salarial de São Paulo e investir na formação de professores recém-formados. — Não é um ensino disruptivo, não estamos no hype tecnologia nem reinventando a roda. Mas a gente olha para a realidade brasileira.


Fonte: O GLOBO