EUA anunciou iniciativa de defesa com dez países para proteger livre navegação; grupo rebelde do Iêmen condicionou fim de ações ofensivas ao fim do conflito em Gaza

A crise de segurança no Mar Vermelho ganhou um novo capítulo nesta terça-feira, após o grupo rebelde Houthi, do Iêmen, anunciar que vai continuar com os ataques contra navios mercantes que trafegam pela região, apesar da criação de um grupo internacional para proteger a rota marítima, liderado pelos Estados Unidos.

"Mesmo que os Estados Unidos consigam mobilizar o mundo inteiro, nossas operações militares não vão parar (...)sem importar os sacrifícios que exigirá de nós", afirmou um comandante do grupo rebelde, Mohammed al Bujaiti, na rede social X, acrescentando que os ataques vão parar apenas se Israel "acabar com seus crimes [de guerra]" e comida, medicamentos e combustível voltarem a chegar à Gaza.

Os rebeldes do Iêmen executaram vários ataques com drones e mísseis contra navios no Mar Vermelho nas últimas semanas, em represália aos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza. Na segunda-feira, o grupo reivindicou ataques contra dois navios no Mar Vermelho, um deles o norueguês M/T Swan Atlantic. Os ataques fizeram com que várias empresas de transporte marítimo decidissem evitar o ponto de entrada ou saída do Mar Vermelho, o Estreito de Bab al Mandeb, que separa a Península Arábica da África e por onde transita 40% do comércio mundial.

Mapa da região do Mar Vermelho — Foto: Editoria de Arte

Em resposta à crise de segurança, Pentágono anunciou a criação de uma força naval composta por 10 países para evitar novos ataques. Batizada de Operação Guardião da Prosperidade, a iniciativa foi lançada com a adesão de 10 países: EUA, Reino Unido, Bahrein, Canadá, França, Itália, Holanda, Noruega, Seychelles e Espanha.

Madri esclareceu, nesta terça-feira, que sua participação na coalizão seria no âmbito da Otan e da União Europeia, mas que não tomaria nenhuma ação unilateralmente. "A Espanha está sujeita às decisões da União Europeia e da Otan e portanto não participará unilateralmente neste âmbito, indicou o Ministério de Defesa espanhol.

Uma primeira reunião do grupo, por videoconferência, foi realizada nesta terça, indicou o Ministério da Defesa da França, sem confirmar o número de participantes ou as conclusões do encontro.

Em Washington, autoridades americanas voltaram a comentar sobre a situação no Mar Vermelho. O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, condenou novamente o que chamou de ataques "sem precedentes".

"O secretário Austin condenou os ataques houthis contra o comércio internacional e ao transporte marítimo como algo sem precedentes e inaceitável, e observou que os ataques ameaçam o livre fluxo do comércio", indicou um comunicado um porta-voz do Pentágono. (Com AFP)


Fonte: O GLOBO