INPI acaba de conceder duas patentes para inovações desenvolvidas no centro de pesquisas da Boeing no Brasil

A Boeing acaba de conquistar suas duas primeiras patentes junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), resultado de pesquisas desenvolvidas pelo seu time de engenharia no país. Desde que o Centro de Pesquisas e Tecnologia da empresa foi inaugurado no Brasil, há 9 anos, os engenheiros depositaram estas e mais 30 patentes, que ainda aguardam os trâmites do INPI, embora já sejam reconhecidas nos EUA, Europa, China e Canadá.

As duas patentes permitem aos operadores economizar combustível — algo crucial nessa indústria — melhorando processos. Uma consiste em uma fórmula para calcular a rota ideal na decolagem a partir de parâmetros como densidade do ar e ângulo de subida. A segunda permite calcular de forma mais precisa o peso da aeronave no planejamento de voo e com isso realizar apenas o abastecimento do combustível efetivamente necessário.

O volume de invenções da Boeing no Brasil deve acelerar com a inauguração do Centro de Engenharia da empresa em São José dos Campos e que já conta com um time de 500 engenheiros. O novo centro, inaugurado em outubro, se soma ao CP&T, mas é ainda mais estratégico para a companhia, uma vez que os engenheiros trabalham de forma integrada no desenvolvimento de programas com o time global.

O centro é parte da estratégia traçada pela fabricante para superar a crise com os acidentes com o jato 737 Max e a alta da demanda pós-Covid.

— Na pandemia, a crise era a frota no chão. Mas sabíamos que depois viria uma crise de demanda forte e não tínhamos capacidade suficiente. Era preciso uma estratégia global — diz Landon Loomis, presidente da Boeing para a América Latina e Caribe.

Só no ano passado, a empresa contratou 15 mil pessoas, sendo 9 mil engenheiros, dos quais 2,5 mil fora dos EUA. Este ano, serão mais 15 mil funcionários globalmente (do quadro global de 156 mil funcionários, 50 mil são engenheiros).

— Há uma guerra por talentos a nível global. E o Brasil certamente está entre os países mais potentes em engenharia aeronáutica, além de ser geopoliticamente estável e ter uma cultura muito parecida com a nossa — diz Loomis.

Na crise da Ucrânia, o centro que a empresa tinha na Rússia, com 2,5 mil engenheiros, precisou ser fechado.

O centro brasileiro provocou um desfalque no mercado: a Embraer e outras empresas do setor aeronáutico chegaram a apelar para o Ministério Público para tentar coibir as contratações, sem sucesso. Mas nem todos os 500 engenheiros saíram de empresas locais. — Repatriados 50 engenheiros que estavam fora do país. Estamos transformando o Brasil em um pólo para atrair excelência — diz.

A ideia é seguir investindo no centro e, para isso, a empresa lançou recentemente um programa de estágios para engenheiros. A empresa também tem se aproximado de escolas e universidades, numa tentativa de atrair para a indústria aeronáutica talentos que muitas vezes vão parar na Faria Lima. No mês passado, foi anunciada uma parceria para a construção de um laboratório de sistemas aeronáuticos no Instituto Mauá de Engenharia, em São Paulo. A empresa também organizou um seminário e doou recursos para o laboratório do curso de engenharia aeronáutica da UFMG.


Fonte: O GLOBO