Morto em 2020, iraniano liderou operações militares no Oriente Médio como comandante de unidade de elite da Guarda Revolucionária de seu país
Um tribunal iraniano condenou o governo dos Estados Unidos a pagar US$ 50 bilhões (R$ 247 bilhões) por perdas e danos em decorrência do assassinato do general Qasem Soleimani (1957-2020) no Iraque, anunciou nesta quarta-feira a agência da autoridade judicial iraniana, Mizan Online. Soleimani era considerado herói de guerra e peça-chave no aparato de segurança local.
Em 4 de janeiro de 2020, o comandante da Força Quds, encarregado das operações externas da Guarda Revolucionária (o Exército ideológico da República Islâmica), morreu em um ataque americano com um drone em Bagdá. Na época, o então presidente Donald Trump afirmou que foi uma resposta aos ataques contra interesses americanos no Iraque.
O Irã respondeu disparando mísseis contra bases onde se encontravam soldados americanos no Iraque. Agora, o tribunal declarou culpadas 42 pessoas e entidades, entre elas Trump e funcionários de seu governo.
Relembre o caso
Qasem Soleimani, morto aos 62 anos, foi um dos homens mais poderosos do país persa. Ele liderou as operações militares iranianas no Oriente Médio como comandante da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã. Ele morreu enquanto sua comitiva deixava o aeroporto de Bagdá, junto a integrantes de uma milícia iraquiana.
Na ocasião, o ataque ocorreu poucos dias após manifestantes invadirem a embaixada dos EUA em Bagdá. De acordo com o Pentágono, Soleimani teria aprovado os ataques. Naquela época, os manifestantes protestavam contra um bombardeio direcionado às bases do grupo Kataib Hezbollah no Iraque e na Síria, em que 25 pessoas morreram.
Os Estados Unidos afirmaram, por sua vez, que a ofensiva foi uma resposta a um ataque de míssil contra uma base militar no Iraque que matou um civil americano. Com a morte de Soleimani, as tensões entre Washington e Teerã aumentaram, e o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que “uma vingança severa” aguardava os “criminosos” responsáveis.
Quem foi Qasem Soleimani?
O major-general Qasem Soleimani era visto como a segunda pessoa mais poderosa do Irã, depois do aiatolá Khamenei. De acordo com a correspondente da BBC Lyse Doucet, ele era visto como o mentor dos planos mais ambiciosos do país no Oriente Médio, e como o verdadeiro ministro das Relações Exteriores do país em questões de guerra e paz.
Desde 1998, Soleimani liderava a Força Quds, que administra operações clandestinas no exterior. A influência da organização foi observada nos conflitos na Síria, onde aconselhou as forças leais ao presidente Bashar al-Assad, armou milhares de milicianos xiitas muçulmanos e lutou ao lado deles. No Iraque, também apoiou um grupo xiita paramilitar que ajudou a combater o Estado Islâmico.
Esses conflitos transformaram general Soleimani em uma espécie de celebridade no Irã. Segundo Doucet, ele foi considerado o “principal arquiteto da guerra do presidente Bashar al-Assad na Síria, do conflito no Iraque, da luta contra o Estado Islâmico e de muitas outras batalhas”.
Fonte: O GLOBO
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