Pedido de indenização, que ainda não tem valor definido, será feito em janeiro de 2024, segundo explicou a advogada Chayanne Kuss

O Ministério Público da Alemanha decidiu por um fim às investigações contra as brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini, que ficaram mais de um mês detidas em uma prisão de Frankfurt, após terem suas malas trocadas por bagagens com drogas. A decisão da última sexta-feira foi feita pouco mais de oito meses depois do casal ser liberado da penitenciária.

— A decisão que todos tomaram conhecimento no passado era em relação a prisão delas. As investigações no entanto, continuaram. Essa última decisão que recebemos agora é em relação as investigações como um todo. No caso, elas foram absolvidas por terem sido consideradas inocentes — explica ao GLOBO a advogada Chayanne Kuss.

A expectativa da advogada é que, já no próximo mês, Káytna e Jeanne consigam entrar com um processo solicitando ao governo alemão indenizações pelo tempo de prisão. A lei local, segundo Kuss, determina um valor de 75 euros por dia de prisão injusta. Como as duas passaram 38 dias encarceradas, teriam direito a 2.850 euros, o equivalente a R$ 15,3 mil.

— Ajuizaremos ações civis em relação a todos os outros danos financeiros, morais e pela quantia que elas deixaram de auferir em razão de todo esse processo. Desde custas da viagem que era de férias e elas não puderam aproveitar porque estavam presas até tratamento dispensado em razão de traumas — diz Chayanne Kuss.

A advogada disse ainda não ter uma estimativa do valor total a ser pedido na Justiça alemã.

— Essa decisão agora encerrando as investigações é muito importante. Estávamos esperando ela porque, de acordo com a lei, só podemos pedir as indenizações todas a partir do momento que as investigações fossem encerradas.

A decisão foi compartilhada por outra advogada do casal, Luna Provázio, pelas redes sociais. 

Veja abaixo:

Decisão encerrou investigações e processos contra brasileiras que foram detidas na Alemanha após troca de malas — Foto: Reprodução

Relembre o caso

As brasileiras foram detidas no aeroporto de Frankfurt em março de 2023. Um carregamento de cocaína havia sido encontrado em bagagens que estavam com etiquetas correspondentes às do casal. Ao serem abordadas, as brasileiras disseram não saber a origem da droga e alegaram que as bagagens não eram delas. Segundo a Polícia Federal brasileira, “há uma série de evidências que levam a crer, de fato, que não há envolvimento delas com o transporte da droga, pois não correspondem ao padrão usual das chamadas ‘mulas do tráfico’”.

Durante a investigação, os agentes identificaram o grupo que enviou 40 quilos de cocaína para a Alemanha por meio da troca de bagagens de passageiros. A ação do bando consiste em retirar a etiqueta da bagagem despachada e colocar em outra, que está com as drogas. Seis pessoas foram presas por suspeita de envolvimento.

Na penitenciária JVA Frankfurt III, Kátyna passou por momentos de dor no corpo e ansiedade por ficar sem os remédios que tomava. O medicamento, segundo a advogada Luna Provázio, ficaram na bagagem de mão da mulher.

As duas também descreveram as celas como "muito pequenas", sendo todas individuais, e só conseguiam falar com as famílias raramente. De Goiânia, a personal trainer e a veterinária são um casal há 17 anos e pretendiam viajar por diferentes países europeus quando tudo aconteceu.


Fonte: O GLOBO