O primeiro ano do governo Lula deixou evidente uma mudança na postura do presidente em relação às suas duas gestões anteriores: o processo de escolha para cargos-chave no Judiciário e em seu próprio governo.

É consenso entre auxiliares do petista, empresários e integrantes de seus governos passados que Lula passou a fazer escolhas de maneira mais solitária, ou seja, sem ouvir conselheiros como antes. Além disso, as indicações do presidente também passaram a demorar mais tempo. A expectativa no governo é que a reforma ministerial aguardada para o início do ano que vem deve seguir o mesmo estilo.

Lula demorou dois meses para oficializar a indicação de Flávio Dino como substituto da ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF). No primeiro semestre, o presidente também levou 51 para anunciar a escolha de Cristiano Zanin, que foi seu advogado, para a corte.

Nos seus mandatos anteriores, Lula demorou, em média, duas semanas após a abertura da vaga no Supremo, para fazer suas indicações. A mais demorada ocorreu na escolha de Cármen Lúcia, em 2006, que levou 42 dias.

O tempo transcorrido para escolha do comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), no entanto, bateu o recorde. Os nomes indicados por Lula para o posto em seu primeiro mandato — Cláudio Fonteles, em 2003, e Antonio Fernando de Souza, em 2005, — foram definidos e anunciados pelo presidente antes mesmo da abertura da vaga. Em 2009, durante seu segundo mandato, Lula indicou Roberto Gurgel para o comando da PGR um dia após a vaga ser aberta.

A escolha de Paulo Gonet para o posto, no entanto, foi feita nesta ano somente depois meses após o fim do mandato de seu antecessor, Augusto Aras.


Fonte: O GLOBO