Eleições acontecem em março de 2024; Putin foi reeleito em 2018 e, a princípio, não poderia se reeleger
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta sexta-feira que concorrerá às eleições presidenciais marcadas para março de 2024, dizendo que "não há outro caminho" a não ser disputar a votação. A princípio, não poderia tentar reeleição, mas mudanças feitas na lei garantem agora sua manutenção no poder até 2036 — caso seja reeleito nas próximas corridas eleitorais.
— Eu tive pensamentos diferentes em momentos diferentes, mas este é um momento em que uma decisão tem que ser tomada — disse Putin após uma cerimônia de premiação para o pessoal do exército no Kremlin, confirmando: —Vou me candidatar ao cargo de presidente da Federação Russa.
Reeleito em 2018 para seu terceiro mandato, que acabaria em 2024, Putin a princípio não poderia concorrer novamente ao cargo. Contudo, o último obstáculo regimental no horizonte entre o líder russo e a perpetuação do poder foi removida em 2020, quando uma alteração constitucional patrocinada por ele e seus aliados derrubou os limites de mandato a partir da data da aprovação, autorizando o ex-agente da KGB, hoje com 71 anos, a concorrer por mais dois mandatos de seis anos, até 2036. Se for reeleito, ele acabaria o último mandato com 84 anos.
No dia em que sua vitória foi anunciada, em março de 2018, o então presidenciável rebateu perguntas sobre mudanças na Constituição para se prolongar ainda mais no poder.
— É ridículo o que você está dizendo. Vamos fazer as contas: você espera que eu fique aqui até fazer 100 anos? É claro que não — afirmou.
Com quatro mandatos que somam 19 anos no poder, Putin é o líder mais longevo do país desde a queda do Muro de Berlim, superado apenas por Josef Stalin, considerando o período soviétivo. Após seus dois primeiros mandatos, entre 2000 e 2008, Putin deixou a Presidência e virou primeiro-ministro, dando lugar a um de seus principais aliados, Dmitri Medvedev. Quatro anos depois, voltou a ocupar a Presidência, e Medvedev permaneceu como um de seus homens mais próximos.
No campo da oposição, alguns dos nomes mais conhecidos internacionalmente estão presos, como o ativista Alexey Navalny. Quem anunciou pretensões de concorrer em 2024 foi o blogueiro militar nacionalista Igor Girkin, de 52 anos, mais conhecido pelo apelido Strelkov. Pouco depois, Girkin foi preso por críticas a Putin e ao comando militar da guerra na Ucrânia, o que foi enquadrado pelo Kremlin como "apelos públicos a atividades extremistas". Não está claro se ele conseguirá ser candidato oficialmente, considerando que ele aguarda julgamento preso. Ele pode pegar até cinco anos de prisão pela acusação atual.
Fonte: O GLOBO
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