Embarcações estão contornando a África para fugir de milícias no Iêmen, o que prolonga a rota em até dez dias. Seguro dos cargueiros mais que dobra

O transporte marítimo de mercadorias se prepara para ficar semanas sem sua principal rota comercial, o Canal de Suez, por onde passa cerca de 12% do comércio mundial. Na semana passada, rebeldes do Iêmen — os houthis, apoiados pelo Irã — intensificaram os ataques com foguetes à frota mercante que passa pelo Mar Vermelho com destino ao Suez, como forma de demonstrar apoio ao Hamas, grupo terrorista que trava uma guerra contra Israel.

Cerca de 15 navios mercantes foram atacados no Mar Vermelho e arredores desde o início da guerra em Gaza, em outubro. Por conta disso, os transportadores precisam enviar suas mercadorias por meio de uma rota alternativa, contornando o continente africano, o que representa um acréscimo de US$ 1 milhão nos custos e aumenta o tempo de viagem em sete a dez dias.

A mudança nas rotas afetam as cadeias de abastecimento, porque os navios chegam aos destinos mais tardiamente e levam mais tempo para retornar.

Segundo o New York Times, ao menos 32 embarcações já desviaram a rota desde a última segunda-feira para evitar o Mar Vermelho.

Importante rota comercial

O Mar Vermelho é uma passagem localizada entre a Península Arábica e o continente africano. Em determinado ponto do canal, uma distância de apenas 30 quilômetros ao mar separa esses dois continentes. O Iêmen ocupa uma das margens.

É por meio do Mar Vermelho que se chega ao Canal de Suez, uma importante rota de mercadorias e combustíveis, que partem da Ásia e do Médio Oriente em direção à Europa e aos Estados Unidos.

Seguros mais caros

Cerca de 50 navios atravessam o Suez diariamente. Na medida em que os houthis intensificam os ataques na passagem, diante principalmente da guerra israelense, os seguros cobrados pelos navios seguem uma crescente.

O chamado seguro de risco de guerra é cotado como uma porcentagem do valor do navio pelo período em que uma embarcação está operando em áreas de risco.

Só nesta semana, o valor cobrado subiu para 0,5% do valor da mercadoria embarcada. No início de dezembro, esse percentual estava entre 0,1% e 0,2% aproximadamente.


Fonte: O GLOBO