Valor do metro quadrado na capital supera os de Madri, Berlim e Milão e chega a R$ 29.200. Nova exigência para alugar a curto prazo pode tirar um terço da oferta deste mercado

Os preços de imóveis em Lisboa voltaram a subir em novembro e bateram um novo recorde: € 5.426 (R$ 29.200) por metro quadrado. E isso mesmo depois de o governo português ter retirado parte dos incentivos a investidores estrangeiros que compram imóveis no país.

A alta nos preços, de 5,8% nos últimos 12 meses, compilada pela empresa Idealista, é a segunda maior da Europa – em Atenas, capital da Grécia, a valorização foi de 11,8% neste período.

Nos últimos cinco anos, os imóveis em Lisboa ficaram 30% mais caros e, com isso, o metro quadrado na cidade já vale mais do que em Madri, Berlim ou Milão. Para muitas famílias portuguesas, cujos salários estão entre os mais baixos da Europa, o sonho de comprar a casa própria foi substituído por aluguéis caros em subúrbios distantes.

Após retirar parte dos incentivos fiscais para investidores estrangeiros que adquirem propriedades no país, o governo agora quer limitar o aluguel por temporada, estilo AirBNB.

Os proprietários de imóveis alugados por curto prazo em Portugal receberam um prazo de dois meses para fornecer evidências ao governo de que suas unidades estão, de fato, sendo utilizadas. Autoridades alertaram que os proprietários que não fizerem isso terão suas licenças para aluguéis temporários canceladas.

Anúncio de venda de imóvel em Lisboa — Foto: Goncalo Fonseca/Bloomberg

Este prazo se encerrou na última quarta-feira, mas foi prorrogado por quase uma semana depois que o tráfego intenso causou o colapso do site oficial para cadastro das informações.

Segundo um comunicado do governo divulgado na quinta-feira, dos 120.719 aluguéis de curto prazo registrados no sistema, 45.747 detentores de licenças não conseguiram apresentar provas válidas de que seus aluguéis estão ativos.

— Isso significa que mais de um terço dos aluguéis de curto prazo em Portugal podem ser cancelados — afirmou Eduardo Miranda, presidente da Associação de Aluguéis de Curto Prazo em Portugal.


Fonte: O GLOBO