Comparsa de Santa Catarina já havia sido preso em 2021; sócio paraguaio conhecido como "Macho" segue foragido

Preso pela Polícia Federal nesta terça-feira, Ricardo Luis Picolotto, mais conhecido como R7, tinha planos de expandir sua operação criminosa no Paraguai e ser “os donos e senhores” de Canindeyú, segundo Jalil Rachid, chefe da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad). O brasileiro seria sócio do paraguaio Felipe Santiago Acosta Riveros, vulgo "Macho", no comando do grupo classificado como "violento" e "inspirado nos principais cartéis mexicanos". 

De acordo com Rachid, o grupo “tinha a intenção de criar uma espécie de cidade-estado dentro de Canindeyú, onde seriam os senhores e senhores”. O agente também afirmou que os integrantes do grupo possuíam equipamentos táticos de última geração e que viajavam a bordo de carros blindados e totalmente armados.

Metralhadora anti-aérea foi apreendida por autoridades paraguaias — Foto: Divulgaçaõ

— Nos concentramos na investigação de um grupo muito estruturado e muito organizado dentro do Departamento de Canindeyú que já estava causando estragos. Uma estrutura que tinha forte tendência a se expandir, inclusive para além do Departamento de Canindeyú — disse o agente paraguaio em entrevista coletiva.

Comparsa preso em 2021 vendia armas no Rio

Ainda em 2021, foi preso Rodrigo Braga, na época com 34 anos, então comparsa de R7 nascido em Florianópolis. O criminoso conhecido como Turco foi apontado como braço-direito de R7 e, segundo as investigações, era responsável pela interlocução com o PCC, de São Paulo, e o Comando Vermelho, do Rio, consideradas as duas maiores facções do país.

Turco foi identificado como Rodrigo Braga — Foto: Reprodução

Em solo fluminense, os principais clientes da quadrilha na venda de armas eram traficantes dos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da cidade. Superior hierárquico de Turco, R7 mantinha negócios com Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, chefe do tráfico no Alemão.

A prisão dele aconteceu em uma mansão no Paraguai, avaliada em R$ 2,5 milhões. Turco foi um dos 76 detentos que conseguiram fugir por um túnel de uma cadeia em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, em janeiro de 2020

No Paraguai, Turco e R7 recebiam armas oriundas de diversos países, como Estados Unidos, Israel, China e Austrália, além de cidades da Europa. De lá, a dupla repassava o armamento para vários estados do Brasil, em especial São Paulo e Rio de Janeiro.

R7 também era o principal alvo da ação em 2021, mas conseguiu escapar do cerco. Muito metódico, ele mantinha anotações com informações detalhadas das armas que negociava.

Anotações encontradas pela polícia em 2021 mostram as armas negociadas pela quadrilha — Foto: Reprodução

Prisão no Paraguai


A ação desta terça foi feita em conjunto com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, e prendeu, no total, nove pessoas, além de munições e armas, como uma metralhadora anti-aérea. O grupo de Ricardo Luis Picolotto traficava grandes quantidades de cocaína, maconha e armas, tanto por via terrestre quanto aérea, para dentro das fronteiras brasileiras. Além do Brasil, o grupo também tinha conexões com criminosos bolivianos, peruanos, mexicanos e colombianos.

Picolotto, que seria um dos principais fornecedores de armas para o PCC, foi encontrado pelas autoridades paraguaias em uma casa de luxo em La Paloma, no departamento paraguaio de Canindeyú. No local, armas, munições, rádios e celulares foram apreendidos.

— Felipe tem um perfil um pouco mais ostentoso, gosta de exibir veículos de alto padrão, expor suas armas por todo o departamento de Canindeyú. Ou seja, faziam o que queriam no departamento. Então eram dois dos nossos objetivos principais, um deles já temos e o segundo é atualmente um fugitivo — disse Jalil Rachid.


Fonte: O GLOBO