A Defesa Civil de Maceió (AL) informou na manhã desta quinta-feira (6) que o deslocamento acumulado da mina 18, localizada no bairro Mutange, é de 1,99 metro

A Defesa Civil de Maceió (AL) informou na manhã desta quinta-feira (7) que o deslocamento acumulado da mina 18, localizada no bairro Mutange, é de 1,99 metro. De ontem para hoje, o solo afundou cerca de 6 centímetros a uma velocidade de 0,25 centímetro por hora, o que representa um leve aumento em relação ao índice registrado ao longo da semana. Neste ritmo, o afundamento na região deve atingir a marca de 2 metros ainda nesta manhã.

Nesta quarta-feira, o deslocamento estava acontecendo a 0,2 centímetro por hora, um dos menores valores registrados desde o anúncio de alerta na região, no último dia 29. Nas últimas 24 horas, no entanto, a velocidade aumentou em 0,05 centímetro por hora.

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), anunciou que o nível operacional da mina 18 passou de "alerta máximo" para apenas "alerta". A recomendação da Defesa Civil é de que a população não deve transitar na área desocupada até nova atualização do órgão, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo.

Defesa Civil sabia do colapso há 2 meses

Conforme divulgado em coluna da Bela Megale no GLOBO, a Defesa Civil de Maceió tinha conhecimento de que a movimentação do solo na região do bairro do Mutange vinha aumentando desde o fim de setembro, mais de dois meses antes de tornar a informação pública no último dia 29.

O afundamento, que já chegou a 1,92 metro em menos de uma semana, também chegou ao conhecimento da petroquímica em novembro, mas a companhia se negou a tomar providências imediatas.

Um documento sigiloso obtido pela equipe da coluna, o ofício 774 da Defesa Civil, com data de 13 de outubro, mostra que o órgão já havia constatado que uma região no entorno da mina 18, na orla da Lagoa de Mundaú, estava se mexendo muito antes da informação se tornar pública.

O documento não muda a classificação de risco da mina, mas informa que seria necessário incluir na área de monitoramento o bairro de Bom Parto, onde moram quase 300 famílias. O ofício também inclui mais trechos na classificação de máximo risco, batizada de “criticidade 00”. Essas mudanças seriam refletidas em um novo mapa de risco elaborado pela Defesa Civil.

Nada disso, porém, foi divulgado ao público até o último dia 30, quando a Justiça Federal concedeu uma liminar mandando que fosse divulgada a nova versão do chamado do chamado mapa de linha de ações prioritárias de Maceió, que mapeia as regiões de risco, “acompanhado de plano de comunicação” que garantisse “informação adequada aos moradores atingidos”.

Braskem multada em R$ 72 milhões

O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) autuou a Braskem em mais de R$ 72 milhões pelos danos ambientais e pelo risco de colapso e desabamento da mina 18, na região do Mutange, em Maceió. A empresa também foi multada por omissão de informação sobre a situação da mina. De acordo com o IMA, desde 2018, contando com esses dois autos de infração, a Braskem já foi multada outras 20 vezes pelo órgão.

A primeira autuação é pela degradação ambiental decorrente de atividades que, direta ou indiretamente, afetam a segurança e o bem-estar da população, gerando condições desfavoráveis para as atividades sociais e econômicas. A multa foi no valor de R$ 70.274.316,30.

Além desta autuação, a Braskem vai responder também pela omissão de informações sobre a obstrução da cavidade da mina 18, detectada no dia 07/11/2023, quando a empresa realizou o exame de sonar prévio para o início do seu preenchimento, em desconformidade com a Licença de Operação. A multa é de R$ 2.027.143,92.


Fonte: O GLOBO