Em entrevista a Álvaro Gribel de O GLOBO ele revela mecanismo de hedge que está sendo formulado pelo Ceron e Galípolo
O ministro Fernando Haddad anunciou em entrevista a Álvaro Gribel, publicada hoje no GLOBO, que está sendo formulado uma mudança na política cambial. Quando o assunto é câmbio é melhor que tudo seja explicado bem direitinho. Ele diz que quer "implementar um projeto para diminuir a volatilidade do dólar, um instrumento do Tesouro para atrair investimentos externos, uma espécie de hedge cambial". O câmbio no Brasil é flutuante e isso é parte do chamado tripé macroeconômico. Não se pode fazer uma interferência no câmbio para criar nenhuma condição artificial.
Segundo Haddad, no entanto, não será criada uma cotação artificial, mas um mecanismo que pretende evitar grandes oscilações para cima ou para baixo da moeda americana. O mecanismo estaria sendo estudado pelo secretário de Tesouro Nacional, Rogério Ceron, e o diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo, que foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda. É preciso ficar claro como isso vai funcionar.
"Há a obrigação por lei de regulamentar a Reforma Tributária, que são 71 assuntos que podem constar até na mesma lei complementar. Também precisamos monitorar as medidas para cumprir o arcabouço fiscal e queremos implementar um projeto para diminuir a volatilidade do dólar, um instrumento do Tesouro para atrair investimentos externos, uma espécie de hedge cambial, associado a projetos de transformação ecológica.", diz o ministro.
O final do primeiro ano de Haddad à frente da Fazenda foi muito bem sucedido. O segundo ano começa com a dúvida sobre o que vai acontecer com a medida provisória anunciada no dia 28, que foi muito mal recebida no Congresso. O ministro minimiza diz que "contestação judicial é normal, tudo que a Fazenda faz é assim." Mas há um risco iminente de que seu ano comece com uma derrota.
Ele reagiu ao PT que o critica sempre, dizendo que não se pode comemorar os resultados e dizer que a política está errada. ( veja a entrevista)
De qualquer forma, a perspectiva do ano é boa: inflação baixa, juros caindo e, portanto, expectativa de crescimento. Entra-se em 2024 sem maiores temores, mas vai ser um ano de muito trabalho, porque não é trivial fazer uma reforma do imposto de renda e de patrimônio. Esse tema deve ser o centro de grande discussão e o ministro já admite que em ano eleitoral a janela pode ser curta para fazer esse debate que pode acabar postergado para 2025.
Na agenda do ministro para 2024 há uma quantidade grande de medidas para regulamentar na Reforma Tributária. Será um ano de muito trabalho e tomara que não seja preciso gastar tempo tanto tempo quanto em 2023 com o fogo amigo, que atrapalha e muito o andamento da agenda econômica do governo.
Fonte: O GLOBO
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