Governo peruano declarou estado de emergência na fronteira e vai reforçar vigilância militar

O Peru declarou, nesta terça-feira, estado de emergência em toda sua fronteira com o Equador e declarou que vai reforçar a vigilância com contingentes policiais e militares, após a onda de ataques do narcotráfico no país vizinho. Outros governos, com China e França, também se manifestaram e tomaram medidas a respeito do conflito armado que se instaurou no país, após a fuga de um dos principais líderes do narcotráfico.

A crise de segurança no Equador se agravou no domingo, com a fuga de Adolfo Macías, também conhecido como Fito, o chefe de Los Choneros, a principal organização criminosa do país. Desde então, aconteceram sequestros policiais, ataques, movimentações nos presídios e uma invasão armada a uma emissora de TV, desde que o presidente Daniel Noboa declarou um "conflito armado interno". A onda de violência já deixou ao menos 10 mortos.

Peru

"Será declarada emergência em todos os departamentos (regiões) que fazem fronteira com o Equador", disse o presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, a jornalistas. Peru e Equador compartilham uma extensa fronteira de mais de 1.400 quilômetros.

A medida inclui as regiões do Amazonas, Cajamarca, Loreto, Piura e Tumbes. As duas últimas já estavam em situação de emergência desde novembro de 2023, devido ao aumento da insegurança na fronteira.

Otárola indicou ainda que o governo irá enviar um contingente de forças policiais especiais e das Forças Armadas para reforçar postos e passagens de fronteira. O número de efetivos não foi informado.

Os ministros da Defesa, Jorge Chávez, e do Interior, Víctor Torres, viajarão nesta quarta-feira para a cidade fronteiriça de Tumbes para coordenar as ações a seguir.

"Amanhã (quarta-feira) os próprios ministros tomarão medidas diretas para proteger toda nossa fronteira e manter os nossos cidadãos seguros", afirmou Otárola, braço direito da presidente Dina Boluarte.

A decisão foi tomada em reunião do Conselho de Ministros extraordinária convocada em decorrência da crise no Equador, depois que Quito declarou o país em "conflito armado interno" e determinou que os militares "neutralizem" gangues de tráfico de drogas que intensificaram seus ataques na terça.

O governo peruano também condenou veementemente os atos de violência no Equador, "que violam os direitos fundamentais dos equatorianos e atentam contra a segurança desse país irmão", segundo um comunicado da Chancelaria.

No Peru, o estado de emergência pode se estender indefinidamente até que o governo determine o contrário, se a população estiver em risco, ou em perigo, segundo a Constituição.

China

A China expressou, nesta quarta-feira, o apoio ao governo do Equador, que devido à crise vinculada ao narcotráfico, decretou estado de exceção. O governo chinês anunciou também a suspensão dos serviços em sua embaixada em Quito e em seu consulado em Guayaquil.

As duas sedes diplomáticas "suspenderão temporariamente a atenção ao público a partir de 10 de janeiro", disseram a embaixada em uma mensagem publicada na rede social WeChat. "A reabertura será avisada ao público", acrescentou, sem mais detalhes.

As autoridades chinesas "acompanham a situação instável de segurança" no Equador, afirmou o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Mao Ning. "O Ministério de Relações Exteriores instruiu sua embaixada e consulados no Equador a ativar imediatamente os mecanismos de resposta de emergência para a proteção consular", continuou. “Na verdade, estamos verificando a situação de segurança dos cidadãos e instituições chinesas no Equador e emitindo alertas sobre precauções de segurança através de vários canais”, acrescentou.

França

A França recomendou que seus cidadãos que viajariam para o Equador adiem sua ida ao país. "Nestas circunstâncias, avisamos aos cidadãos franceses que planejam viajar para o Equador nos próximos dias que remarquem seus aviões na medida do possível", aconselhou a diplomacia francesa em seu site, nesta terça-feira.


Fonte: O GLOBO